O ator e diretor Wagner Moura declarou durante o Festival de Berlim que o filme que está co-produzindo, o longa “Marighella“, que conta a história de um guerrilheiro que lutou contra o regime militar, era maior que o presidente Jair Bolsonaro, em uma clara provocação ao atual governo.
“Nosso filme é maior do que Bolsonaro. Não é uma resposta a ele, mas obviamente esse é um filme, provavelmente um dos primeiros culturais da arte brasileira, que está em contraste com o grupo que está no poder no Brasil”, declarou Moura.
Com uma política disposta a rever o repasse de verbas na produção audiovisual do país, saiu uma notícia que deixa clara a nova intenção.
A O2 Filmes, produtora responsável pelo longa, teve dois pedidos feitos à ANCINE rejeitados. O primeiro era utilizar R$ 1 milhão em recursos públicos para ressarcir despesas do longa.
Já o segundo pedido solicitava pedia o descumprimento de cláusulas contratuais no tocante à comercialização do Filme. A agência explicou que no segundo caso, porque uma regra determina que, caso não seja enviado um contrato de comercialização até 90 dias antes do lançamento, o FSA (Fundo Setorial do Audiovisual) passa a fazer jus a 5% da receita, e a produtora queria que essa cláusula fosse ignorada.
A diretoria da agência revogou os dois pedidos, que foram considerados irregulares.
Parece que o longa produzido por Wagner Moura vai enfrentar problemas também na distribuição. Em entrevista recente o ator revelou até que sente um certo medo de voltar ao Brasil para divulgar o filme.
Em nota enviada à revista VEJA a produtora O2 explicou a sua versão dos fatos:
“A O2 Cinema esclarece que, diferentemente do noticiado, os pedidos analisados pela Ancine estão dentro da estrita legalidade. No primeiro caso, a O2 investiu recursos próprios, mais de um milhão de reais, que não serão reembolsados com recursos públicos e pediu esclarecimento na Ancine sobre a adequação do orçamento para a contratação no edital de complementação do FSA. O segundo pedido foi causado pela morosidade do FSA no processo de contratação e nele a O2 apenas formulou questionamento acerca da viabilidade da obrigação de oferta ao Fundo ser cumprida antes da efetiva contratação”, diz a nota