O cineasta Peter Weir arrasou nas previsões futurístas ao fazer o filme ‘O Show de Truman‘ (no título original, The Truman Show), uma história de 1998 sobre um homem cuja vida foi transmitida ao vivo para todo o mundo sem seu conhecimento. Mas, apesar de ser uma parábola de vigilância, habilidades em marketing e privacidade, o filme é considerado por muitos especialistas em tecnologia como uma previsão precisa da era dos influenciadores, transmissões ao vivo na internet (‘Lives’) e o voyeurismo dos reality-shows.
O personagem central, Truman Burbank (Jim Carrey), é o único habitante real de Seahaven, um cenário simulado em que todos os outros personagens são atores profissionais. Truman cresceu lá e não tem ideia de que sua vida é, na verdade, um show de televisão de grande audiência, com 5.000 câmeras exibindo tudo o que faz.
Isso leva pessoas privilegiadas, como Meryl Burbank (Laura Linney), sua esposa recém-desempregada, Christof (Ed Harris), o controlador totalitário do show, acreditando que eles têm o direito de monitorar e manipular Truman por suas próprias causas.
Embora The Truman Show tenha sido anterior ao surgimento da influência digital, está longe de ser uma obra de ficção empresarial tão diferente da realidade atual. Ainda que uma filmagem ao vivo de vidas privadas não exista, as redes sociais e a cultura da celebridade criaram um ambiente em que a autenticidade é valorizada acima de tudo.
Mas, como observa Emily VanDerWerff, existe algo sinistro em desejar “a simpatia do outro e sua completa honestidade”, especialmente quando esses desejos são transmitidos ao vivo em plataformas de mídia social para lucro privado.
O público adora ver Truman tentando escapar do controle do show, mas não percebe que eles mesmos estão em um mundo que está sendo constantemente monitorado e manipulado. O filme é uma crítica feroz ao comportamento humano e à perda da liberdade pessoal.
Hoje, a transmissão ao vivo na internet é uma parte onipresente do cotidiano. Com a tecnologia melhorando continuamente, não seria surpreendente ver algo semelhante a The Truman Show surgir em nossos feeds digitais. E, como destaca Gavia Baker-Whitelaw, não é preciso uma transmissão ao vivo para criar um mundo simulado como o de Truman.
The Truman Show é uma alegoria importante para o mundo em que vivemos e pode ser visto como um alerta sobre o futuro. Ainda que não haja uma transmissão ao vivo de nossas vidas, estamos sempre sendo vigiados e controlados. É importante que cada indivíduo tome medidas para proteger sua privacidade e liberdade pessoal, para que nunca se torne um participante involuntário em um espetáculo da vida real.