Desde o seu lançamento em 2007, o iPhone redefiniu o conceito de smartphone e transformou profundamente a sociedade. Ao introduzir uma interface touchscreen intuitiva, combinada com acesso à internet, o iPhone não só facilitou a comunicação e o acesso à informação, mas também mudou a maneira como trabalhamos, nos divertimos e nos relacionamos.
Ele impulsionou a criação de um ecossistema de aplicativos que revolucionaram indústrias inteiras, desde o transporte até o entretenimento. Hoje, com cada nova versão, o iPhone continua a influenciar tendências tecnológicas e sociais, moldando a maneira como vivemos e interagimos com o mundo.
Glowtime
No evento Glowtime da Apple, marcado para segunda-feira, 9 de setembro, Tim Cook e sua equipe vão revelar a nova linha de smartphones iPhone 16 e iPhone 16 Pro, além de apresentar sua visão de inteligência artificial generativa ao público. Mas, e se a Apple decidisse adotar uma postura inovadora e ignorar a tendência de IA que está dominando o mercado?
Smartphones com IA
Em outubro de 2023, o lançamento do Pixel 8 e Pixel 8 Pro da Google trouxe ao mundo os “primeiros smartphones com IA.” Desde então, o mercado de smartphones seguiu essa direção. Cada novo lançamento de smartphones apresenta o uso de IA generativa para criar conteúdo do zero, resumindo artigos, gerando imagens inéditas e muito mais. E onde o Android lidera, a Apple costuma seguir.
Apple atrasada na tendência
Não é novidade que a Apple chega atrasada em certas tendências — sua entrada tardia na Realidade Aumentada é um exemplo recente, assim como a introdução do carregamento sem fio e a instalação de apps de terceiros. No entanto, a Apple sempre apresenta essas inovações como algo feito “da maneira única da Apple”, geralmente acompanhadas de branding mágico como AirPower ou Vídeo Espacial. A IA generativa, agora apresentada com o acrônimo Apple Intelligence, entra para essa lista.
A abordagem da Apple para esse novo mundo de inteligência artificial, branding à parte, parece notavelmente semelhante à oferta do Android e dos parceiros da Google. A Apple deve implementar ferramentas que reescrevem textos em diferentes estilos, resumem textos e notificações, e geram novas imagens e vídeos. As diferenças serão sutis, provavelmente no design da interface e na apresentação, mas a Apple segue um caminho que seus rivais trilharam há meses.
Perigos da IA
Entretanto, os perigos da IA generativa estão cada vez mais evidentes. À medida que os smartphones trazem a IA para o uso cotidiano de um público mais amplo, os riscos se tornam ainda mais claros. Pesquisadores estão investigando e destacando problemas reais; um exemplo é o estudo “Generative AI Misuse: A Taxonomy of Tactics and Insights from Real-World Data,” escrito com contribuições do Google DeepMind e outros. O estudo revela padrões preocupantes de uso indevido de IA em modalidades como imagens, textos, áudio e vídeo.
As novas ferramentas de IA na família Pixel 9, que em breve se tornarão comuns no Android, permitem que ideias se transformem em armas de informação. Relatos, como o do The Verge, mostram como a IA pode ser usada para adicionar desastres e cadáveres a fotos, exemplificando o potencial nocivo da tecnologia quando combinada com intenções maliciosas e a toxicidade das culturas online.
Será que é esse o caminho que a Apple quer seguir?
Aqui, o foco está na IA generativa. Outras aplicações da IA não são tão criativamente problemáticas. O aprendizado de máquina, uma subárea da IA, já está presente em várias funcionalidades essenciais do iOS, como o desbloqueio por FaceID, a combinação de múltiplas fotos em uma só, sugestões inteligentes no calendário e a previsão de texto no teclado. Notavelmente, todos esses recursos mantêm os dados e o processamento no próprio dispositivo, com benefícios bem definidos e limites claros.
Com a recente aprovação do Projeto de Lei de Segurança de IA da Califórnia (SB 1047) pela Assembleia e pelo Senado do Estado, a discussão sobre a regulamentação da IA generativa ganhou destaque. A Apple, com sua influência política e foco em proteger seus usuários, pode ser a única empresa capaz de dar uma pausa e refletir sobre o impacto da IA generativa. Talvez a melhor estratégia seja não jogar o jogo da IA generativa e, em vez disso, usar a IA como um campo de tecnologias assistivas, com funções claras e controladas.
Limitar a IA generativa
Tim Cook e sua equipe já demonstraram que estão dispostos a isolar e bloquear aplicações e serviços que acreditam ser prejudiciais aos usuários até que os problemas sejam resolvidos. Limitar a IA generativa no iPhone 16 e iPhone 16 Pro poderia dar tempo à indústria para reconsiderar suas ações antes que essa caixa de Pandora digital seja aberta de vez.
Resumo para quem está com pressa:
- iPhone transformou a sociedade desde seu lançamento em 2007, redefinindo o conceito de smartphone.
- Apple lançará o iPhone 16 e iPhone 16 Pro no evento Glowtime, abordando sua visão de IA generativa.
- IA generativa já está presente em concorrentes como o Pixel 8 da Google, sendo usada para criar conteúdo de diversas formas.
- Apple é conhecida por adotar tendências de maneira única, com branding especial como AirPower e Apple Intelligence.
- Pesquisadores alertam para os perigos do uso indevido de IA generativa em conteúdos multimodais.
- Apple pode optar por limitar a IA generativa em seus novos iPhones, priorizando tecnologias assistivas com funções bem definidas.