A edição 2021 do rali Dakar, considerado o maior do mundo no gênero, chegou ao fim com vitória brasileira. Nesta sexta-feira (15), o piloto Reinaldo Varela e o navegador Maykel Justo ganharam a última das 12 etapas da prova entre os UTVs (Utility Task Vehicles, veículos utilitários multitarefa, na tradução do inglês), concluindo os 447 quilômetros finais em duas horas, 44 minutos e 26 segundos.
“Foi uma sensação maravilhosa vencer hoje [sexta], bem no final, depois de tanta luta e esforço neste Dakar, que foi um desafio muito difícil de superar. Se tivéssemos apenas chegado ao final, eu já estaria satisfeito”, disse Reinaldo à imprensa.
Com o resultado, eles encerraram o rali disputado na Arábia Saudita na quinta colocação geral entre as 29 duplas da categoria, que teve como vice-campeão outro brasileiro: Gustavo Gugelmin, navegador do piloto norte-americano Austin Jones. O título das UTVs ficou com os chilenos Francisco Lopez Contardo e Juan Pablo Vinagre, com o tempo de 53 horas, 41 minutos e dois segundos. Foram 17 minutos e 23 segundos de vantagem para Jones e Gugelmin, que terminaram a última etapa na sexta posição.
O Brasil também foi representado na categoria Carros. Na etapa desta sexta-feira, Guiga Spinelli e Youssef Haddad ficaram na 26ª posição, enquanto Marcelo Gastaldi e Lourival Roldan chegaram em 33º. Na classificação final, a parceria Spinelli/Haddad foi a 17ª e a dupla Gastaldi/Roldan apareceu em 29º. A categoria foi vencida pelos franceses Stéphane Peterhansel e Edouard Boulanger.
Tragédia
Ainda nesta sexta, a organização do Dakar informou a morte do francês Pierre Cherpin, que sofreu um acidente no último domingo (10), na sétima etapa da prova. O piloto da categoria Motos foi encontrado inconsciente e levado para um hospital, na cidade de Sakaka. Submetido a uma cirurgia e colocado em coma induzido, Cherpin foi transferido para o município de Jeddah, de onde seria conduzido para Lille, na França, mas não resistiu aos ferimentos, falecendo na quinta-feira (14), aos 52 anos.
PIERRE CHERPIN PASSED AWAY
During his transfer by medical plane, Pierre Cherpin died on Jan 14th from injuries caused by his fall during the 7th stage.
The Dakar caravan would like to extend its sincere condolences to his family, relatives & friends.https://t.co/ccJ4ctOU9D pic.twitter.com/zxQ9o49ENG
— DAKAR RALLY (@dakar) January 15, 2021
A edição passada do rali, também realizado na Arábia Saudita, teve duas mortes: a do holandês Edwin Straver e do português Paulo Gonçalves. O falecimento do francês – que competia na prova pela quarta vez – foi o único registrado na competição deste ano. “Toda a caravana do Dakar gostaria de estender as sinceras condolências à família, parentes e amigos”, disse a nota divulgada pelos organizadores.
Balanço
Iniciado no último dia 3, o rali Dakar reuniu 286 veículos. A previsão inicial era de 321 unidades participantes, mas 35 delas (11%) não foram aprovadas na inspeção técnica realizada em Jeddah. O grid teve 61 UTVs e protótipos, 64 carros, 101 motos, 16 quadriciclos e 44 caminhões. O percurso superou 7,6 mil quilômetros, sendo 4,7 mil quilômetros de trechos em alta velocidade e outros 2,9 mil quilômetros de deslocamento entre pontos diários de largada e chegada.
Devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19), foi desenvolvido um protocolo sanitário no qual os participantes teriam que fazer dois exames e uma quarentena antes do rali. O espanhol Dani Oliveira, navegador do compatriota Nani Roma na categoria Carros, ficou fora por testar positivo para o vírus em 9 de dezembro e após 15 dias, em nova avaliação, ainda não ter desenvolvido os anticorpos. Segundo a organização, foram realizados mais de 2,4 mil exames do tipo PCR para viabilizar o evento.
A edição deste ano teve momentos marcantes. Na abertura, a espanhola Cristina Gutierrez, na categoria Protótipos, foi a primeira mulher a vencer uma etapa do Dakar após 16 anos. No dia seguinte, pela mesma categoria, o norte-americano Seth Quintero, de 18 anos, tornou-se o mais jovem ganhador de uma etapa da prova. No 11º dia, um acontecimento inusitado: após uma discussão, o navegador espanhol Xavier Blanco abandonou – no meio do deserto – o UTV pilotado pelo compatriota Ricardo Ramilo.
Futuro
Durante a prova, a organização do Dakar anunciou que, a partir de 2026, as principais equipes deverão utilizar veículos com motor a hidrogênio. A expectativa do rali é que 100% do grid conte com a tecnologia, que é menos prejudicial ao meio ambiente, a partir de 2030.
(Agência Brasil)