Como a Fátima da minissérie ‘Justiça’, a atriz quer dar destaque ao sofrimento das mulheres
Em Justiça, Fátima é uma moradora rural que vê a vida virar de cabeça pra baixo com a chegada de vizinhos folgados. O cachorro do casal vive entrando na casa dela e, numa dessas invasões, morde seu filho, Jesus (Bernardo Berruezo). Fátima mata o animal para defender o menino. Como vingança, o dono do cão, Douglas (Enrique Diaz), arma para que ela seja presa. Os anos passam, ela sai da cadeia, mas tem a sua família toda desestruturada. E começa aí a sua luta para resgatar tudo que perdeu – seu marido morre e ela é rejeitada pelos dois filhos.
Este é o conflito da heroína que encantou Adriana Esteves. “Fátima é uma mulher cheia de esperança. Quando estou contando a história dela, penso na quantidade de mulheres que merecem ter voz ativa. Tento representá- las. A Fátima prefere crer no ser humano, acreditar que as pessoas podem se transformar”, define Adriana.
Em busca de justiça
A minissérie tem como tema os limites das ações humanas diante de situações difíceis. “Não podemos desistir da Justiça. Temos que lutar para que ela aconteça. Fazer pequenininho, dentro de cada atitude, a partir da educação dos filhos, ensinando tolerância, paciência e cuidado”, afirma a atriz.
Família feliz na vida real
Assim como a Fátima, Adriana também é muito dedicada à sua família. A atriz é casada há 10 anos com o ator Vladimir Brichta, que também participa de Justiça, como o traficante Celso. Trabalhar junto é um problema? Nada disso! “A competição lá em casa é de quem vai ficar mais feliz. Ficamos muito estimulados. Procuramos enxergar coisas boas no que a gente se propõe a fazer”, afirma.
Deve ter sido difícil para a atriz simular o assassinato de um cachorro em cena. Mãe de Felipe, de 16 anos (com o ator Marco Ricca), Vicente, de 9 (com Brichta), e Agnes, de 19 (filha do primeiro casamento de seu marido), Adriana ainda tem um xodó em casa: o buldogue francês Chewbacca. “Considero como meu filho caçula. Apesar de ser do Vicente, posso ser avó do cachorro (risos). Ele é muito fofo”, diz.
Sensibilidade para atuar
Aos 46 anos, Adriana prova que está melhor do que nunca em todas as áreas de sua vida. E conta que a experiência adquirida em 27 anos de carreira ajuda na composição das personagens. “Com o passar do tempo, você vai tendo mais sensibilidade. Situações difíceis, como a de Fátima, a gente procura distanciar do próprio umbigo, da vidinha particular, para ir até sensações que realmente ocorrem com outras pessoas”, esclarece a atriz, que está no ar também como a vingativa Patrícia na reprise da novela Meu Bem Meu Mal (1990), no Canal Viva.
Mas mesmo em tantos anos de carreira, cada trabalho ainda é um desafio diferente. “A minissérie é mais calma. Você tem a obra inteira ali, não tem surpresas a cada semana. A novela tem a euforia, o que também é legal. Você busca energia e fôlego que nem sabia que tinha. Ainda estamos engatinhando no formato série, mas um dia vamos virar adultos em seriados, como somos com as novelas”, afirma.
Eterna Carminha
Adriana já conquistou o mundo com Carminha, a inesquecível vilã de Avenida Brasil (2012). A produção é considerada a novela brasileira mais exportada – são mais de 140 países. Mesmo após Felizes para Sempre? (2015) e Babilônia (2015), a atriz ainda se surpreende com o sucesso da trambiqueira. “A dona Carminha é forte (risos). Eu recebi um whatsapp de uma amiga que pegou um táxi nos EUA. Quando a motorista descobriu que ela era brasileira, perguntou se ela conhecia a Adriana Esteves (risos). Achei sensacional!”.