Em seu novo CD e DVD, o cantor viaja nas lembranças… E revela aqui por que escolheu algumas das 29 canções do novo trabalho
É pura emoção… O cantor Daniel lançou, no dia 6, seu CD e DVD Daniel in Concert – Em Brotas e já está dando o que falar. Também pudera, o trabalho é resultado de tudo o que o ídolo guarda de melhor nas lembranças e no coração. O DVD foi gravado em dezembro passado, no Cine São José, na cidade natal do artista, Brotas (SP). E, assim como o CD, tem 29 canções que significam muito para ele. Cada uma delas carrega uma história, uma vivência importante… Daniel conta, nesta entrevista, algumas delas para as leitoras e leitores de TITITI. Embarque nesta viagem!
O Menino da Porteira
“Assisti à primeira versão do filme (1976) no Cine São José. Tinha 10 anos, e Sérgio Reis era meu ídolo. Meu pai (José Camillo) sempre escutava O Menino da Porteira na boleia do caminhão dele. Quando a viagem era curta, me levava e íamos cantando. Assim me acostumei com a segunda voz. Depois, conheci o Sérgio, cantamos juntos, e fiz a segunda versão do filme no papel que foi dele.”
Verde Vinho
“Minha avó Olinda veio de Portugal ainda criança e coloquei Verde Vinho no CD para homenageá-la, pois a cantava para mim. Roberto Leal (intérprete da canção) se apresentou no show do DVD comigo. As imagens ao fundo são dela. Tenho a alegria de ter ido com minha avó a Mira, em Portugal, onde nasceu. Ela faleceu aos 98 anos, mas deixou um exemplo de vitalidade.”
Impossível Acreditar que perdi você
“Morávamos de aluguel numa casa na mesma rua onde meus pais vivem hoje, em Brotas. E lembro certinho de mim dentro do tanque de lavar roupa, brincando com água e escutando essa música do Márcio Greyck no radinho de pilha… Ele, Sérgio Reis… era o repertório deles que rolava. Eu devia ter uns 4 anos. Logo em seguida, mudamos para Jaú (SP), a fim de cuidar do meu irmão, Gilmar, lá na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).”
Os amantes
“O Manuelzinho (Manuel Pinto), que desde 1994 é meu diretor musical, trouxe essa canção e eu e o João Paulo (falecido em 1997) gravamos. Sou noveleiro e quando América (2005) entrou no ar me emocionei ao assistir à cena da dona Neuta (Eliane Giardini) e o Dinho (Murilo Rosa) se beijando debaixo da chuva… E aí entrou o refrão de Os Amantes gravada por mim: Meu amor /Ah, se eu pudesse te abraçar agora! /Poder parar o tempo nessa hora /Pra nunca mais eu ver você partir/. Me arrepiei. Foi um sucesso impressionante!”
Estou apaixonado
“Na versão original, Estoy Enamorado, uma parte da letra foi feita pelo cubano Donato e outra pelo colombiano Estefano. O Manuelzinho ouviu a música em uma convenção latino-americana, se apaixonou por ela, e trouxe para o João Paulo e eu gravarmos antes de eles lançarem. Comprou uma briga dentro da gravadora, porque o Donato liberou sua metade e o Estefano, não. Manuelzinho assumiu o risco, e lançamos simultaneamente com o Estefano. A versão deles entrou na novela Explode Coração (1995) e a nossa arrebentou junto! Depois tudo se resolveu da forma mais correta. Estou Apaixonado foi um divisor de águas na minha carreira.”
Chuvas de Verão
“Há alguns anos, estava descendo uma rua para ir à casa da namorada, a Luciana Susi… Tinha chovido e havia aquela enxurrada. Foi quando ouvi no rádio essa música pela primeira vez. Achei linda e aprendi a tocar em três tapas. Chuvas de Verão faz parte dessa fase de estar ao lado de uma pessoa que teve muito fundamento na minha vida… A gente namorou durante dez anos!”
Romaria
“No ano passado, quando fomos mixar esse CD em Los Angeles (EUA), algumas pessoas perguntaram: ‘Quem é esse senhor que está cantando com você?’ Era Renato Teixeira, o compositor desta obra-prima chamada Romaria, que conheci na voz da saudosa Elis Regina! Me lembro que aos 10 anos cantava esta canção na Igreja Nossa Senhora das Dores, em Brotas, na missa dos jovens e na sertaneja. O padre Jaime tocava violão e foi uma inspiração para minha carreira. Me lembro do João Paulo por lá também.”
Voa, liberdade
“A presença do Jessé (cantor falecido em 1993, num acidente de carro) na minha vida é forte. E Voa, Liberdade foi sucesso com ele. Recordo que ficava na casa da minha avó Olinda e ajudava minha tia a encerar o piso de cimento queimado vermelho com o escovão. A gente escutava o som do Jessé, que tocava muito naquela época. Jessé foi um espelho pra mim, pois cantava muito. Não tive a honra de conhecê-lo, mas já encontrei o irmão dele, Emanuel.”
Gita
“Sempre fui fã do saudoso Raul Seixas e, aos 15 anos, cantava as músicas dele num barzinho chamado Bate-Papo, em Brotas. Entre elas, Gita. Quando fiz a novela Paraíso (2009, Globo), conheci o Eriberto Leão e estabelecemos uma ligação muito forte. E ele vivia cantarolando Gita. Disse a ele que um dia gravaria essa canção e aí está! Dá saudade… nos intervalos das gravações pegávamos o violão e formávamos aquela roda com muitos atores ligados à música, como o Alexandre Nero. Até o Reginaldo Faria tocava.”
Primavera
“Sou sertanejo, sim, mas já cantei de tudo. E Primavera é isso aí! Está impregnada na minha pele, desde quando comecei a acompanhar os trabalhos do inesquecível Tim Maia. Eu cheguei a vê-lo se apresentando com a banda Vitória Régia na fila do gargarejo. Infelizmente, nunca tive a honra de cantar com ele, que foi uma presença imensa em minha vida.”