A personagem sofre de transtorno bipolar em A Regra do Jogo e pinta quadros, feitos pela própria atriz
Basta a doce e meiga Nelita colocar um pingo de álcool na
boca para virar outra pessoa, em A Regra do Jogo. Quando se transforma, a
pintora problemática se despe de sua personalidade delicada e passa a ser uma
mulher fatal e eufórica. Mas os problemas da personagem vêm de muito tempo…
Nelita pertence a uma família tradicional e foi mãe solteira muito jovem.
Segundo sua intérprete, a gaúcha Bárbara Paz, Nelita é muito complexa porque
abre discussão sobre uma bipolaridade em geral, apesar de ela ser diagnosticada como bipolar psicótica. “Hoje em dia, todo mundo se diz bipolar. A doença mesmo medicada é séria e tem tratamento. Eu tive amigos meus que namoravam pessoas exatamente como a Nelita, que tiveram um fim trágico. A família da Nelita tem problemas com o patriarca, que quer esconder o tempo todo o seu passarinho machucado”, afirma. Apostar numa personagem que sofre com bipolaridade é um desafio para a atriz.
PINTANDO NO SET
Além do olhar instigante, Bárbara empresta à Nelita outro dom seu: a pintura. Ela é artista plástica e usa a arte para desaguar sua loucura. Quando soube que ela teria essa vocação, Bárbara pediu à produção da novela para produzir as telas. “Sou eu mesma que faço. Eu dei esse dom para ela e gostei muito, porque adoro pintar. Quando era adolescente, vendia pinturas. Nunca fiz como profissional. Vendia porque precisava de dinheiro, na época. Mas com grafite, comecei agora. Faço o grafismo corporal, como se fosse uma dança, que você vai pintando em várias posições e movimentos”, revela.
PAPEL SOCIAL
Não é a primeira vez que Bárbara faz uma mulher com problemas de saúde. Em Viver a Vida (2009), a atriz, de 41 anos, viveu Renata, jovem com anorexia alcoólica. Bárbara acredita que a telenovela, além de entreter, tem um papel social. “As novelas têm um cunho social que é necessário para as pessoas abrirem a cabeça. Com a Renata, percebi o quanto eu ajudei a entenderem a doença. Ano passado, com a Edith (em Amor à Vida), que era casada com um homossexual, as pessoas compreenderem os vários tipos de amor que existem”, afirma.
DE DEGRAU EM DEGRAU
Mas não é só no drama que a atriz marca presença. Ela estreou na TV, no SBT, em uma participação no seriado Ô, Coitado, em 2000. No ano seguinte, debutou em novelas, em As Filhas da Mãe, na Globo, como Caroline, namorada de Ricardo (Reynaldo Gianecchini). Mas foi a partir do reality Casa dos Artistas (2001), no SBT, que ela ficou conhecida. Nos últimos 14 anos, interpretou vários tipos, entre mocinhas, vilã e problemáticas. “Estamos na vida para evoluir. Ser ator é um estudo diário. Até o final da vida você está estudando e ainda não sabe tudo o que gostaria. O meu caminho foi meio diferente. Fui para várias ramificações da interpretação”, afirma.
CAMINHANDO PELA ARTE
A inquietude é uma característica predominante na atriz. Bárbara é dedicada no trabalho até mesmo nas horas de folga: “Estou sempre criando textos, fazendo documentários e editando. E caminho para a direção cinematográfica, que é o meu desejo. Fora isso, gosto de ir ao cinema. Sou cinéfila!”