A Jô da trama das 9 ainda revela que está passando por uma fase de recomeço após a morte do marido, Hector Babenco, há quase dois anos
Todo mundo quer ter uma amizade leal e sincera, certo? Mas com uma amiga como a Jô, de O Outro Lado do Paraíso, é melhor mantê-la bem longe de sua vida. Foi assim que Elisabeth (Gloria Pires) percebeu que conviveu com uma pessoa sem escrúpulos como a loira, se fazendo passar por sua amiga durante muito tempo. Mas, agora, Jô vai colher tudo o que plantou desde que foi escorraçada por Henrique (Emílio de Mello), após ela se negar a doar seu rim para Adriana (Julia Dalávia). Sem a proteção do diplomata, ela vai embora do Brasil. Intérprete da vilã, Bárbara Paz se despede de sua maquiavélica personagem na trama de Walcyr Carrasco com a sensação de dever cumprido. “Essa é a maior vilã que já fiz em termos de mau-caratismo. É uma daquelas pessoas que a gente esbarra por aí e não sabe que é maldosa, igual no filme A Malvada (1950), de uma mulher que toma o lugar da outra (Margo e Eve, interpretadas por Bette Davis e Anne Baxter respectivamente). Foi assim com a Elisabeth”, conta a atriz, que afirma não ter nada pior do que uma amiga falsa por perto.
Na trama das 9, Jô fez de tudo para acabar com a vida de Beth, mas agora colhe a solidão. Foto: Mauricio Fidalgo/ Rede Globo
Amiga da onça
Aos 43 anos, Bárbara reconhece que já teve amigas como a Jô. Para a gaúcha, o problema nem é reconhecer uma falsa amizade, mas sim perceber que a mentira veio de uma pessoa que tinha uma relação de longa data. “Quem nunca teve amiga assim? (risos). Já aconteceu comigo e o pior é quando acontece com uma amizade de muito tempo. Aí dói muito, machuca de verdade. Era minha melhor amiga… Mas isso já passou… Sou daquelas que dou uma chance só. Sou muito amiga, então, não me machuca… Não vai ter segunda vez. Às vezes, a briga pode começar por causa de uma relação amorosa ou por alguma coisa muita cotidiana”, afirma. Durante a trama, Jô e Elisabeth tiveram muitas cenas de embate. Já na vida real, Bárbara elogia a parceria com Gloria Pires: “É o maior presente que tive nessa novela, porque a Gloria é maravilhosa e generosa. Já virou uma amiga para toda a vida. Tive dó de fazer ela sofrer tanto (risos)”.
Na pele da Virgínia, em Morde & Assopra (2011), uma das megeras de sua carreira. Foto: Divulgação/ Rede Globo
Sensibilidade aguçada
A libriana acredita no principal tema da trama das 9: que tudo na vida tem volta. E ela pôde constatar isso no destino de Jô, que foi muito humilhada. No dia a dia, Bárbara confia em sua sensibilidade para lidar com pessoas duas caras que encontra por aí. “A gente tem que sentir a energia. Eu sou bem sensitiva. Temos que prestar atenção, mesmo que, às vezes, a gente leve um tombo. Acredito numa energia maior, que é o universo, a natureza. Você tem que estar em sintonia com ela para se sentir melhor”, conta a atriz, que lamenta não ter ido gravar cenas no Jalapão como parte do elenco, uma vez que sua personagem vivia no Rio. “Sou louca para conhecer Tocantins, torci muito para a Jô se apaixonar por um velho rico de lá (risos)”, afirma Bárbara, que tem planos para outros trabalhos pós-novela.
Bárbara não poupava sorrisos em estar ao lado de Héctor, em seis anos de relação. Foto: Raphael Castello/ AGNews
Aberta para o amor
A atriz prepara o documentário Corredor Polonês, em homenagem a Hector Babenco, seu ex-marido falecido em julho de 2016. Há quase dois anos da morte do diretor, Bárbara está numa fase de renovação. “É preciso recomeçar. Palavras como superação e luto, não cabem muito a mim. Sou muito ativa, gosto da vida. Temos que transformar a dor em poesia. A vida é curta, então, temos que saber viver e amar mais. Estou bem”, confessa, emocionada. Mesmo nutrindo tanto carinho por Hector, a atriz não descarta um novo amor. “Ele ia ficar muito bravo se eu não amasse ninguém de novo. Porque ele sabia que sou mais feliz amando, sou muito melhor com outro. Agora, é só achar alguém e bater as químicas (risos)”, revela Bárbara.