O texto foi interpretado por uma pop star e causou polêmica na china
Uma revelação que causou muita polêmica na China. Já pensou em segredos de alcova do homem mais poderoso do país descobertos e reveladas em cadeia nacional?
Pois bem, quinta-feira passada (5 de abril), a cantora e atriz Han Xue(também conhecida como Cecilia Han) apareceu diante dos chineses em horário nobre. Ela tinha o seguinte a dizer:
“ Eu quero beijar seus olhos, sua boca, sua testa e sua cabeça cem vezes, você é meu e pertence a mim. Minha morte não é nada, eu espero que Runzhi obtenha sucesso em sua revolução”
Runzhi era o nome de cortesia, tradicional apelido oficial, de Mao Tse-Tung, o pai-fundador da China Comunista. O texto era parte de uma carta foi escrita por sua primeira esposa, Yang Kaihui, interpretada com coração pela sex symbol no programa Xinzhongguo, “Confie na China”. O programa, que estreou em março passado, se propõe a ler correspondências pessoais de 100 figuras, mulheres e homens, fundadoras do Partido Comuinista Chinês. A ideia é, conforme o produtor afirmou ao Global Times (jornal estatal chinês), mostrar seu “lado humanitário”.
A interpretação sensual da íntima correspondência deixou alguns chineses furiosos. Usuários das redes sociais chinesas sentiram que a interpretação banalizava a figura do líder e manifestaram sua ira patriótica. Em um caso citado pelo New York Times, um usuário atendendo por Yunfeiyang2046 disse ter sido doloroso assitir ao episódio, que o fez perder o sono:
“ No lugar de lembrar os mártires, defender sua dignidade e herdar seu espírito, vocês estão alimentando fofocas e usando a oportunidade para ganhar espectadores e audiência”
Figuras de Mao ainda adornam prédios públicos (notavelmente na Cidade Proibida), na casa das pessoas mais velhas e em santinhos em carteiras dos taxistas, para dar sorte. Ainda que bem menos que no passado, ele é venerado de forma quase religiosa como o fundador do regime. A muitos chineses, humanizá-lo é como rebaixar um semideus a nosso patamar. Ou essa é a teoria de Doroty Sanger, sinóloga da Universidade da Califórnia, que declarou ao NYT: “Pode ser que as pessoas que estão protestando [contra] algo [ser retratado] sobre a vida pessoa pessoal de Mao se opõem a essa trivialização dele, por fazê-lo parecer humano”.
A carta tem algo de melancólica quando se conhece sua história. Data de 1929, um ano antes de Yang Kaihui terminar executada pelo Kuonmitang, o Exército nacionalista, inimigos figadais dos comunistas, que terminariam pro se estabelecer no Taiwan. Mao teve quatro esposas, mas Yang Kaihui é considerada seu amor verdadeiro, pela qual escreveu poemas.
Seria de derreter o coração se Mao não fosse possivelmente o maior assassino em massa da história.