Mau comportamento de pets pode estar associado à ansiedade
A rotina urbana é desafiadora para o corpo e a mente humanos. E não é diferente com os animais domésticos. Eles sentem o impacto do ritmo intenso e dos espaços fechados nas grandes cidades e podem desenvolver sintomas de ansiedade. Diz a adestradora e comportamentalista Claudia Pizzolato que eles e nós “sofremos do mesmo mal”. A diferença é que eles roem móveis, ficam agressivos, hiperativos, tímidos ou uivam. Pense no seguinte: se a companhia de um cão tem efeito tranquilizador para o ser humano, nada mais justo do que retribuir o benefício quando é ele quem sofre com agitação e angústia em excesso. De quebra, os cuidados com o bem-estar dos animais podem ser um empurrão para cuidarmos melhor de nós mesmos.
Animais são feitos para se movimentar e precisam de exercício físico. É por isso que o vira-lata Walter leva diariamente sua dona, Camilla Demario, para correr, e vice-versa. “Eu já corria, mas ele me deixa mais disciplinada, me coloca para fazer algo que não faço apenas por mim mesma, como deveria”, conta ela, ao gastar a energia do cachorro, que vive em apartamento. “Correr com ele dá um prazer maior pra mim”, diz. E o deixa mais calmo.
Como esponjas, cães que convivem com pessoas ansiosas costumam ter o mesmo padrão de comportamento. A dinâmica do lar, as atitudes, movimentos e entonação de voz despertam distúrbios nos animais em diferentes intensidades, de acordo a sensibilidade, variáveis genéticas e de idade. Se não é possível acalmar sempre o ambiente, que ele seja tomado, então, pela música. Em volume adequado, melodias com compassos bem marcados reduzem o ritmo cardíaco e acalmam o cão como um mantra faz em pessoas, explica Cláudia. Embora não tenham a percepção cultural dos sons, eles sofrem influência da vibração.
Assim, o som pode ser ótima companhia para um cão que fica sozinho ao longo do dia. “Eles também sentem-se entediados e precisam ocupar a mente”, diz a especialista, sugerindo essa medida como “um calmante natural”. Com a mesma finalidade, um lenço amarrado no pescoço do cachorro com uma gotinha de óleo essencial de lavanda é outra alternativa. E a dica perfumada ainda pode ser aplicada também ao dono, quando necessário.
Importante lembrar que os casos crônicos e de traumas podem precisar de ajuda profissional, que fará as vezes de terapeuta da família ao observar a casa e o comportamento de todos ali. Para esses casos, existem ainda acessórios como camisas de compressão para cães. Em momentos de crise elas reduzem o ritmo de respiração, o batimento cardíaco e confortam o bicho. “Para nós seria como respirar dentro de um saquinho quando estamos em crise de ansiedade”, explica Cláudia. E, claro, um ossinho para roer e uma bolinha são indispensáveis.