Consciente da empatia que os vilões despertam no público, ele luta para fazer com que o Juliano, de A Regra Do Jogo, quebre essa regra. “Coloquei isso como um desafio pessoal!”, avisa
Aos 35 anos, Cauã Reymond está em plena forma, física e
profissionalmente. É um dos destaques de A Regra Do Jogo, na pele do justiceiro
Juliano. O papel é mais um mocinho para a galeria de personagens do ator, mas
um herói bem diferente do Jorginho de Avenida Brasil (2012), outra criação de João Emanuel Carneiro.
“Jorginho era um menino problemático e o Juliano é um homem, um cara muito
sério”, diferencia o carioca, que luta para quebrar um paradigma com o
personagem: fazer com que o herói seja mais sedutor do que o vilão. “Coloquei
isso como desafio pessoal, de tentar criar uma empatia do público com o
Juliano, que é um cara de caráter”, revela o pai da pequena Sophia, de 3 anos,
de seu relacionamento com Grazi Massafera.
Como o Juliano nasceu?
Busquei em um professor meu, que é líder comunitário e que
ajuda a tirar as crianças do tráfico. É um mocinho da vida real, um cara bacana.
Ele não foi lutador profissional,
mas tem a dignidade do Juliano.
Uma novela com tanta gente tatuada e você como uma só…
Queriam fazer várias, mas fiquei só com o desenho de Jesus
com a coroa de espinhos. Com outras, ia demorar muito tempo pra me arrumar.
Preferi usar esse tempo pra ficar com a minha filha.
Você acha que as pessoas podem confundir o Juliano com o
Jorginho, de Avenida Brasil?
Não, porque o Jorginho era um menino problemático e o
Juliano é um homem sério, que tem uma base muito sólida. Considero ele um cara
com os pés no chão, que sabe o que está fazendo. São mocinhos, mas muito
diferentes.
Juliano tem um lado sombrio, como os outros personagens?
Toda novela do João tem isso. O mal do Juliano vem com o
desejo de vingança. Ele vai lutar pelo amor da Tóia (Vanessa Giácomo), contra o
Romero (Alexandre Nero) e contra a facção. E o lado do mal dele vai aparecer de
alguma forma por isso. Mas é um justiceiro do bem, que tenho prazer em fazer,
principalmente, num país em que todo mundo é apaixonado pelo vilão. Coloquei
isso como desafio pessoal, de tentar criar uma empatia com o público, de fazer
um mocinho forte, solar!
E o que faz despertar o seu lado do mal? O que o tira do
sério?
Corrupção! É uma coisa seríssima. E vai ser uma das
mensagens que vou tentar passar com esse mocinho: que honra e caráter são
coisas que temos que apreciar e incentivar. Mas fico preocupado com a nossa
tolerância em relação à corrupção. Todo mundo sendo condenado e ficando preso
em casa?! Não faz sentido!
Muitos projetos para o cinema?
Bastante coisa. Em janeiro estreia o longa-metragem Reza a
Lenda, que fiz com a Sophie Charlotte, e
acabei de filmar Curva do Rio Sujo, no Mato Grosso do Sul. Abri uma
produtora de cinema, a Sereno Filmes, e o nosso primeiro projeto será Pedro,
sobre a vida de Dom Pedro I, que eu mesmo vou interpretar.