De cabelo grisalho e visual mais maduro, o ator se perturba com as cenas do personagem Maurício na minissérie
Justiça é uma minissérie que deixa as emoções à flor da pele. E não só para quem assiste! O elenco também está sentindo os efeitos da forte trama. Cauã Reymond que o diga. O ator vive Maurício, marido de Beatriz (Marjorie Estiano), que pratica a eutanásia (prática pela qual se abrevia a vida de um doente terminal) por pedido da mulher. “Voltei pra casa muito mexido alguns dias após as gravações, em especial nas sequências com a Marjorie no hospital”, diz Cauã.
Durante uma entrevista em um intervalo das gravações, o carioca de 36 anos deu sua opinião sobre o polêmico assunto, contou que gostou do visual grisalho e que depois de Justiça vai dar um tempo na carreira. “Eu ia parar depois de A Regra do Jogo (2015), mas gostei tanto do personagem que adiei essa pausa. Daqui para frente, só se for alguma coisa que mexa muito comigo”, revela ele.
O que Maurício te acrescenta?
Ele me traz um lugar diferenciado na dramaturgia. É diferente de tudo que fiz na TV.
Como acha que o público vai lidar com a decisão do Maurício?
A unanimidade é burra, né (risos)? Eu acho interessante quando existe uma diferença, tem diálogo e as pessoas com opiniões diversas. Isso pode, inclusive, propor uma forma de encarar a eutanásia de um jeito diferente.
Maurício pode ser rejeitado?
Meu personagem tem um dado importante, que é a vingança em relação a um político corrupto. Acho que isso pode trazer uma empatia, aproximar minha história do público, principalmente pelo momento que estamos vivendo na política, com tanta corrupção. Acho que ele proporciona duas coisas: a questão da eutanásia e o que é justo.
E você, é a favor da eutanásia?
Sou a favor de estar sempre dentro da lei. Mas também da pessoa ter direito de fazer o que quer, só que isso tem que ser discutido dentro da lei.
O que faria se fosse o Maurício?
Eu realmente não gostaria de estar na pele do meu personagem. Voltei para casa após as gravações muito mexido, em especial, nas sequências com a Marjorie no hospital.
Chega em casa abalado?
De um tempo para cá, com o nascimento da minha filha (Sofia, de 4 anos, fruto do relacionamento do galã com Grazi Massafera), comecei a ter uma facilidade muito grande em me desligar do trabalho. Isso me fez muito bem, comecei a achar que fui melhorando no meu ofício, por conseguir me desconectar e conectar do papel.
Gostou do seu novo visual?
Adorei e incentivei! Curti ver o cabelo mais grisalho e toda essa transformação. Principalmente porque a diferença é gritante se comparado com o visual que eu tinha em A Regra do Jogo.
Como é a sua relação com as redes sociais?
É necessária (risos). Não queria ter Facebook, Instagram. Mas fui vendo que estava perdendo uma grande ferramenta para me comunicar com o público. Hoje, acho legal.
Ficou viciado?
Não. É muito difícil essa linha tênue de dar ou não intimidade. Tenho colegas que postam fotos com a pessoa amada e reclamam quando os repórteres perguntam como é a vida dele. Ele pode reclamar? Está dando isso de presente para os seguidores dele. Penso bastante antes de fazer as postagens. Nunca me arrependi, mas imagino que isso um dia possa acontecer.
Quais os planos após Justiça?
Estou produzindo o filme Dom Pedro I. É o meu projeto para o ano que vem. Tenho convites para TV, cinema e teatro. Mas estou querendo parar. Quero fazer alguma coisa que me encha os olhos, como Justiça. Eu ia parar depois de A Regra do Jogo, mas gostei tanto do personagem que adiei essa pausa para depois da minissérie. Daqui para frente só se for alguma coisa que mexa muito comigo.