A atriz afirma que não teve medo das críticas ao aceitar viver a cafetina de Verdades Secretas mesmo sabendo que corria o risco da personagem ser rejeitada pelas cenas de sexo
Sai a dona de casa exemplar e entra a cafetina insaciável!
Depois de 14 anos interpretando a dona Nenê, a matriarca de A Grande Família,
Marieta Severo voltou às novelas como a Fanny, de Verdades Secretas. Em bom
português, a personagem é uma aliciadora de jovens modelos, que se prostituem e
integram o book rosa. Um choque? A transição da dona Nenê para Fanny foi
ousada, sim, mas aplaudida pelo telespectador. Bem diferente do que aconteceu com
Beatriz (Gloria Pires), de Babilônia, que foi rejeitada pelo público por ser
uma despudorada. “Chega de hipocrisia. Cabe a nós, artistas, ficarmos muito
atentos a isso. E tentar manter a liberdade que conquistamos”, afirma. Aos 66
anos de idade e quase 50 de carreira, Marieta conduz seu trabalho sem medos
também fora da televisão. Tanto que, com a parceria do diretor Aderbal
Freire-Filho, com quem namora há oito anos, monta peças teatrais que fogem dos
previsíveis musicais ou comédias. Arrisca em histórias dramáticas no palco. Sua
última peça, Incêndios, foi sucesso absoluto de público. O que Marieta quer é
liberdade! Seja para atuar, para comemorar os dez anos do seu Teatro Poeira –
em sociedade com Andréa Beltrão -, ou para se despedir de um personagem e
embarcar em outro. Sem limites. E ela pode!
Não ficou preocupada com a repercussão negativa,
principalmente na internet, que a Fanny poderia causar?
Eu não leio a internet que virou o reduto dessas coisas
todas. Não tenho site, não tenho blog, não tenho Instagram. Não frequento rede
social. Claro que, às vezes, as pessoas me contam o que leem. Acabo sabendo. E,
pelo que me falam, eu fico tão horrorizada que prefiro não entrar mesmo nesse
submundo da internet. Não vou procurar os maus comentários.
Como avalia essa onda do “não pode isso, não pode aquilo”
que vira campanha na web?
Há um conservadorismo forte no ar. Uma rejeição a certos
temas. Chega de hipocrisia! Cabe a nós, artistas especialmente, ficarmos
atentos a isso. E tentarmos manter a liberdade que conquistamos.
E as cenas calientes com o Reynado Gianecchini?
É, tem essas cenas,
né? (risos) Mas uma novela às 11h30 da noite pode ser mais clara. É tudo feito
com muita elegância, bom gosto e cuidado. Ninguém vai fazer o que é
desnecessário para a história.
Temia que reprovassem as cenas de sexo? Aconteceu em
Babilônia com a Beatriz, por ser a Gloria Pires? Vocês têm outra imagem.
A gente fica sabendo qual vai ser a reação do público depois
que vai ao ar. Quero fazer o meu trabalho com a maior liberdade possível. Não
vou deixar de fazer alguma coisa porque estou pensando que a reação vai ser
assim ou assado. As pessoas são diferentes umas das outras. Sempre teremos as
boas e as más reações. Não vou me pautar nem pelas boas, nem pelas más. Vou
fazer o meu trabalho.
Mexe com a vaidade estar numa novela sobre o mundo fashion e
contracenar com Gianecchini?
Minha vaidade? Ah, sou muito ‘véia’ pra isso! (risos). E a
Fanny não tem problema. Ela compra, ela paga para ter o Anthony (Gianecchini).
É uma pessoa mais velha, da minha idade, que tem o pé no chão e sabe que esse
cara está com ela somente por interesse.
E os dez anos do Teatro Poeira?
Estamos pensando em fazer uma exposição de tudo o que
aconteceu lá nesses dez anos. Nós já estamos comemorando, porque é um teatro
que ocupa um espaço importante dentro da cena teatral. Tem uma programação de
qualidade. É um celeiro de teatro em termos de criatividade.