A atriz define Iolanda como uma mulher temperada, principalmente por que a personagem é baiana
Christiane Torloni não esconde sua felicidade com a Iolanda, a protagonista de Velho Chico, vivida por Carol Castro na primeira fase da trama. “É uma mulher interessante, primeiro porque ela é baiana. Já achei isso muito gostoso. É temperada (risos)”, conta a atriz, de 59 anos. Velho Chico também marca o retorno da parceria da paulista com Antônio Fagundes, com quem fez o sucesso A Viagem (1994). “A gente tem uma química rara em cena”, afirma.
Como foi a preparação quase teatral para Velho Chico?
Muito rica. É importante você ver a televisão preocupada em usufruir de todos os instrumentos que os atores podem usar. Geralmente, temos um variado grupo de atores em uma novela. Gente muito bem aparelhada por seus 40, 50 anos de profissão, outros com dez e diversos com menos tempo. Então, não só nessa novela, você tem a opção de trazer todo esse repertório à tona e isso ser afinado numa boa preparação antes de começar a gravar. Felizmente, o Luiz Fernando Carvalho (diretor artístico) gosta muito desse processo e está cercado por excelentes professores de todas as áreas possíveis. E isso nos deu uma unidade grande. Temos uma linguagem diferente e ainda estamos aprendendo a construir isso.
Iolanda é uma personagem que balança as suas estruturas?
Meu amor, você já viu alguém fazer uma baiana e não balançar (risos)? Se não balançar pode dizer que ela errou.
Como foi dividir a Iolanda com a Carol Castro?
Engraçado… Na verdade, a sensação que eu tenho não é que a gente dividiu, mas que estamos fazendo a mesma coisa. É uma sorte, porque Carol e eu já fizemos um filme juntas, em que ela era a minha filha (o longa-metragem Angie, dirigido por Márcio Garcia em 2013). Então, já tínhamos uma relação ótima.
Mas a atuação dela a inspirou a criar a sua versão da Iolanda?
Tive essa circunstância interessante: poder assistir a novela antes de começar a gravar. Então, foi bacana porque pude ver a Carol em cena. Essa composição é um pouco daquilo que aprendi assistindo ela no ar também.
Como é voltar a contracenar com Antonio Fagundes, depois dos 22 anos da novela A Viagem?
Curioso isso… Existem semelhanças entre a Diná e o Otávio e a Iolanda e o Afrânio. Personagens que se encontram, se perdem e se reencontram. O Fafá é um sonho. A gente já se cruzou no cinema, na televisão, comungamos de um senso ideológico comum. A gente tem uma química rara em cena, mas ele não é só aquele ator que está com você na gravação, com quem você tem uma sintonia incrível. Fafá é amigo, um parceiro de conversas maravilhosas. Traz muito para a sua vida, tanto profissional quanto pessoal. Nos damos muito bem!
Você é engajada nos problemas ambientais da Amazônia. Como foi receber o convite para fazer uma novela, que traz questões sobre ecologia também?
Isso foi quase um bônus dentro desse convite maravilhoso. Uma personagem dessa magnitude parece uma árvore de natal cheia de presentes.
E como anda seu documentário, Amazônia, Da Cidadania à Florestania – Um Despertar?
Estamos trabalhando. Descobri porque cinema se chama sétima arte (risos). Se Deus quiser, depois de toda essa ebulição que está tomando conta do país, a gente consiga lançar… Acredito que lá para o meio de 2017! Vamos deixar ver o que vai acontecer.
Muito se festeja o fato de Velho Chico recuperar o folhetim clássico. Como você vê isso?
Acho ótimo. Existem receitas que são magníficas, entende? Por que vai mexer na receita do brigadeiro? Podem existir vários tipos… Mas brigadeiro é brigadeiro. A Ivani Ribeiro trabalhava assim também. O grande clássico está no inconsciente coletivo.