Atriz relembra a visita que fez a casa do médium em depoimento nas redes sociais
A atriz Claudia Abreu usou suas redes sociais para refletir e fazer um desabafo sobre o médium João de Deus, que responde a mais de 300 acusações de abuso e assédio.
“Sempre fui arredia às redes sociais, mas não posso deixar de falar sobre assédio”, disse Claudia nessa quarta-feira (26/12).
Cláudia contou que esteve duas vezes na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), sendo sempre bem recebida pelo médium e por sua família. Ela também contou que foi incentivada a segurar instrumentos diante do público diante das cirurgias realizadas pelo médium, prática aplicada às celebridades que apareciam na casa.
“Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia”, relatou.
A atriz também lembra que chegou a levar sua filha de 13 anos para uma das visitas, e confessa hoje o medo quando lembra desse fato:
Poderíamos ter sido vítimas também caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu.”
Confira o depoimento de Claudia Abreu na íntegra:
“Nem sei por onde começar.
Sempre fui arredia às redes sociais, não tenho o hábito de postar muito sobre a minha vida cotidiana, nem de me posicionar sobre tudo a todo momento.
Mas não posso deixar de falar sobre assédio. Demorei um tempo pra digerir a decepção que tive com João de Deus. Fui à Abadiânia duas vezes, fui bem recebida por ele, por sua família e sua equipe. Nunca fui totalmente crédula, mas como presenciei cirurgias feitas diante de todos, com cortes feitos na hora e sem dor, foi difícil não acreditar em algum poder mediúnico. Mesmo assim, é preciso estar sempre alerta aos sinais da sua intuição.
Pessoas famosas eram sempre chamadas pra segurar os instrumentos das cirurgias diante de uma multidão. Fui convidada duas vezes e fui contrariada, pois era delicado dizer não. Lá ficávamos todos vulneráveis. Ao mesmo tempo, isso me obrigava a legitimar alguém que eu mal conhecia.
Refletindo sobre esse meu desconforto, pensei nas inúmeras mulheres fragilizadas que foram convidadas a ir pra uma sala fechada e também foram obrigadas a fazer algo que não queriam.
Levei minha filha, então com treze anos, e não me canso de pensar que poderíamos ter sido vítimas também, caso eu não fosse conhecida. Isso me estarreceu. Porque isso toca num lugar muito mais profundo, que é a descrença no ser humano, na bondade, na caridade.
Muito triste.”