O Bento de Além do Tempo não tem uma religião mas admira a espiritualidade abordada na novela das 6
Quem viu a primeira fase de Além do Tempo, morria de raiva
quando Bento fazia as maldades para que a condessa Vitória (Irene Ravache) não
sujasse as mãos. Passado mais de um século, Bento ressurge como um sujeito
imaturo, que vive criando problemas para todos o que o rodeiam. Para interpretar
homens tão fortes, Luiz Carlos Vasconcelos emprestou seu sangue nordestino aos
personagens. O ator, de 61 anos, que ficou mais conhecido há 11 anos, quando
fez o Sebastião, irmão de Do Carmo (Carolina Dieckmann), na primeira fase de
Senhora do Destino, fala animado sobre a expectativa que Bento pague pelo mal
que fez no passado.
O “novo” Bento é um cara do mal?
Na fase antiga, o Bento era totalmente egocêntrico, no que
se pode resultar as ações. Ele é alienado dos princípios e das leis que regem a
vida. Agora, terá o troco e colherá o que plantou na primeira fase.
Qual foi o maior desafio em seu trabalho na primeira fase?
O desafio foi não fazer obviamente o mal pelo mal. Bento era
extremamente fascinado pela condessa. Para agradar, fez tudo. Foi desafiador
mostrar resquícios de humanidade. Eu construí assim. Novela você não sabe
direito para onde vai. Então, vai pincelando, e vendo onde tudo vai parar.
Tem algo em comum com ele?
Todos nós já fomos extremamente cruéis e estúpidos,
considerando a evolução de milênios. É doloroso olhar para o Bento e perceber
que ele vai sofrer bastante na novela.
Você é muito ligado à religião?
Nasci no lar de uma determinada religião. Aos 18 anos,
pensei: “Sou dessa religião porque nasci no lar dessa religião. Se meus pais
tivessem outra crença, eu também teria outra”. Como estava na idade da
rebeldia, para afrontá-los, disse que não era de religião, mas tive uma busca
espiritual profunda. Fui budista, fui rosacruz, hinduísta, fui tudo… Estudei
as crenças. Hoje, não sinto a necessidade de me nomear pertencente a uma
determinada religião.
O que você acha da abordagem espírita em Além do Tempo?
Estar numa novela que discute princípios que regem a vida é
maravilhoso. Bento infringiu leis, agora vai ter que colher. O plantio é livre,
mas a colheita é obrigatória.