A carga dramática da personagem toma a atriz por completo
Em
pleno século XIX, Gema, papel de Louise Cardoso em Além do Tempo, se apresenta
como uma mulher além do seu tempo. É uma libertária, que acredita que todos são
iguais, principalmente, na cor da pele. E criou os filhos assim. A Anita
(Letícia Persiles) compartilha dessa ideia, ao contrário do Pedro (Emílio
Dantas), que não aceita a relação da mãe com o ex-escravo Raul (Val Perré). Além
da relação conflituosa com o filho, Gema também é muito solidária. Aos 60 anos,
Louise festeja o sucesso voltando ao horário em que a lançou em novelas, em
Gina (1978).
Como
é retornar ao horário das 6, que te lançou nas novelas?
É
um horário que eu gosto muito. Além da Gina, fiz Força de um Desejo (1999).
Assim como Além do Tempo, também foi uma trama de época. Ficamos mais de um ano
gravando, porque a novela teve mais de 200 capítulos. Fez muito sucesso! Fiz
também Como uma Onda (2004), com a Alinne Moraes. Eu tinha uma personagem
cômica. Também gostei bastante.
Como
você avalia esse sucesso todo de Além do
Tempo?
Acredito
que o público estava precisando voltar a sentir emoção, coisas simples e
diretas que tocam o coração. Além do Tempo estou gostando particularmente que,
além de se passar no século XIX, época que eu adoro, o texto é emocionante e
interessante.
Como
é dar a vida à Gema?
Gema
é o coração da novela. É a pessoa que ajuda todo mundo, que é solidária, que
tem muitos amigos. Ela é boa, mas não é boba. tem uma personalidade forte e é
brava quando tem que ser. É muito legal viver uma personagem tão emotiva. Tenho
me emocionado muito nas gravações.
Você
consegue se desfazer da Gema assim que sai do estúdio?
A
personagem me toma por completo, que é uma coisa difícil de acontecer, por
causa de tantos anos de profissão. Estou realmente muito satisfeita. É uma
qualidade de trabalho ótima de toda a equipe da novela. Eles são muito que
ridos, muito alto astral.
Sua
amizade de longa data com a Ana Beatriz Nogueira facilitou na hora de
contracenar com ela?
Facilitou
bastante. Como a Gema é muito ligada à Emília, elas são como irmãs. E na vida
real também sou muito amiga da Ana. A gente tem muita intimidade, então, nas
cenas há fluidez. Assim como as sequências com a Alinne Moraes, com quem já
trabalhei, temos muita química.
Qual
foi o maior desafio que você teve até
agora na novela?
Quando
viajamos para o Sul estava muito frio. Passamos por um perrengue danado. Sou
muito friorenta. A casa de Gema dava 0°C. Foi um sacrifício, mas que valeu a
pena. Não fiz nenhum laboratório. Eu já fiz novela do século XIX e estudei na
faculdade de Letras sobre a época, então, não precisei estudar o período. Meu
objeto de estudo foi fundamentalmente o texto.
Você
é alto astral como a Gema?
Por
coincidência ela tem a ver comigo. Sou bem humorada. Acho importante você lidar
com humor no dia a dia, mesmo nas situações difíceis. Embora Gema tenha sofrido
muito com o preconceito de ser pobre e de ter um relacionamento conflituoso com
o filho, Pedro, mesmo assim ela é pra cima. A Louise também é de bem com a
vida.
Como
você enxerga a relação de Gema com o
filho, Pedro?
Gema
é particularmente apaixonada pelo filho, mas não consegue ver que ele é mau
caráter. Mas se ela tem que ter pulso com ele, ela tem. E consegue freá-lo. A
Gema sofre muito com o preconceito de Pedro em relação ao Raul, por ele ser
negro e ex-escravo.
Gema
e Raul vão se encontrar na outra vida,
na nova fase?
A
história de Gema com o Raul é belíssima. O amor começou aos poucos, com uma
grande simpatia, e da admiração vai evoluindo até eles ficarem apaixonados. E
não é difícil ficar louca pelo Val Perré, porque ele é lindo (risos). Com
certeza, na outra vida eles se reencontrarão.