Dezesseis anos depois do sucesso em ‘O Clone’ (2001), a atriz volta a fazer um folhetim de Gloria Perez e mostra que o tempo só jogou a seu favor
Do alto de seus saltos, Joyce (Maria Fernanda Cândido) nem desconfia dos perigos que a amiga da onça Irene, interpretada magistralmente por Débora Falabella em A Força do Querer, pode oferecer. Longe da ficção, tímida e discreta, Débora, de 1,63 metro, não faz a menor questão de parecer um mulherão. Mas, na telinha, se transforma por completo ao interpretar sua psicopata.
Ah, mas não é só o carente do Eugênio (Dan Stulbach) que Irene quer conquistar, não, viu? Nós, telespectadores, também estamos na lista! “Você também tem que ganhar o público porque sempre chega uma hora em que ele fica do lado da vilã”, dispara a artista, radiante.
Apesar de concordar que ninguém quer uma ladra de maridos por perto, Débora faz a advogada do diabo e diz que ainda não dá para condenar Irene. “Ela gosta de conquistar, brinco até que tem uma alma masculina”, analisa a intérprete, que voltou aos folhetins após cinco anos e 16 anos depois da marcante Mel de O Clone (2001), outro sucesso de Gloria Perez no horário nobre. “Não podia estar mais feliz”, sentencia.
Por conta das gravações, Débora, de 38 anos, precisou mudar de São Paulo para o Rio com a filha Nina, de 8 anos, fruto do relacionamento com Chucky Hipolitho. “A gente adora passear pela cidade”, derrete-se ela, casada desde 2012 com Murilo Benício, após se apaixonarem nos bastidores de Avenida Brasil.
TITITI – Sua primeira parceria com a Gloria foi em O Clone. O que mudou em você de lá para cá?
Débora Falabella – Ah, passaram-se só 16 anos (risos)! Amadurecer traz tantas coisas boas para nós, mulheres, ainda mais quando se é atriz. Relaxei, sabe? Claro, quando era mais jovem tinha aquele frescor, aquela vontade de acertar, mas hoje me sinto muito melhor e segura. Dá para se divertir mais no trabalho.
TITITI – Esses anos a mais te fizeram bem?
As pessoas se preocupam demais com a idade, tem de deixar o tempo vir. Envelhecer também é bonito.
TITITI – Mas redobrou os cuidados?
Cuido é da minha saúde. Vou uma vez por ano ao dermatologista, por exemplo…
TITITI – Por que você ficou esses cinco anos longe das novelas?
Não foi proposital, mas um folhetim é uma saga, a gente fica um ano se entregando àquela personagem. Nesse tempo, acabei tendo a chance de fazer séries, muito cinema, continuar com a minha companhia de teatro… O bom de uma trama como essa é que você não sabe para onde ela vai. É uma obra aberta, uma montanha-russa que deixa, sim, uma vontade de viver todo esse processo de novo.
TITITI – Curtiu a transformação de visual por conta da personagem?
Sempre usei cabelo curto, então é bom mudar de vez em quando. Adorei a franjinha. O Murilo Benício já não sei (risos). Mas ele sempre gosta do que acho bom para mim.
TITITI – Sua viúva negra (sim, Irene já matou um cara…) ainda vai mostrar um lado mais quente na trama?
Não sei se Gloria elaborou cenas assim, mas se vierem, estou preparada. É que a Irene utiliza a sedução, não a sensualidade. Existem várias pessoas como ela, que são sedutoras e usam isso com homens e mulheres, no trabalho e na vida. Faz parte da sua personalidade, não de sua aparência, entende? Não é um jogo aberto.
TITITI – Tem como defendê-la diante de tantas maldades, que, inclusive, ainda cometerá contra a família do amante?
O público pode julgá-la, eu é que não devo condená-la, falar mal, dizer que é perversa (risos). Minha obrigação é vivê-la.
TITITI – Acredita que sua filha tende a seguir a sua profissão?
Não percebo ainda para onde ela vai e nem incentivo nada, acho que nem é a hora. Mas uma criança que nasce nesse ambiente artístico, seja com pais atores, músicos, tem uma sensibilidade diferente em relação à vida. A apoiarei em tudo.
TITITI –Mas ela acompanha você desde pequena nos bastidores, não?
A primeira vez foi quando estava com 6 meses, eu ainda amamentava e ela me esperava quietinha enquanto eu trabalhava. Mais ou menos a relação que tive com o meu pai, Rogério Falabella, e minha minha mãe, Maria Olympia Falabella, cantora lírica. Desde pequena eu estava ali nas coxias.
TITITI – Como é a Nina no dia a dia?
Ela é ligada em muitas coisas, até porque em casa incentivamos muito a leitura, o trabalho manual, a desenhar. Mas, claro, ela adora ver filmes, brinca no tablet… É como qualquer criança. Até pela educação que a gente dá, ela gosta, mesmo, é de brincar.
TITITI – Além dessa relação de mãe e filha, há muita amizade entre vocês?
Xi, fazemos tantas coisas juntas… Os filhos vão ficando maiores e virando companheiros. Hoje é muito mais tranquilo passearmos, irmos ao parque, a museus, algo que ela adora, por sinal!