Deborah Evelyn chegou à novela das 9, mexeu na regra do jogo, mudou o rumo da história e desvendou mistério
Num papel desafiador, Deborah Evelyn conta que a Kiki, de A Regra do Jogo, é diferente de tudo o que ela já fez. “A novela do João (Emanuel Carneiro) é bem diferente do que estou acostumada, no melhor sentido, claro. Ela tem um ritmo maravilhoso, e uma agilidade incomum. E a Amora (Mautner) imprimiu um tipo de direção incrível, muito nova, orgânica e forte. Não dá para relaxar. É um desafio. Se a gente descansa, não criamos nada de novo, e aí fica chato né?”, explica a atriz, de 49 anos. Casada com o arquiteto alemão Detlev Schneider, Deborah tem a felicidade estampada no rosto. Animada com as festas de fim de ano com toda a família reunida em Angra dos Reis, no Rio, a carioca conversou com MINHA NOVELA sobre a Kiki, e seus planos para 2016.
É ótimo! Mas entrar quase no meio da novela é bem complicado, nunca tinha feito isso. Só que, ao mesmo tempo, tive muita sorte. Caí num núcleo em que tenho muita intimidade. Já trabalhei com o Tony (Ramos) em Selva de Pedra (1986). Já faz 30 anos. Também já contracenei com a Renata (Sorrah), que é minha tia. E conheço o Zé (José de Abreu) há 30 anos também. Sou íntima de todo mundo, então, me senti acolhida.
A personagem realmente é tudo o que o João falou: “Fica calma! Você vai demorar para entrar, mas quando isso acontecer vais ser muito bom (risos)”. Estou feliz, porque esses personagens que são fortes, no sentindo de trazer uma mensagem, são muito bons. Tem essa coisa dela estar mudando a história toda e é muito interessante a Kiki estar falando sobre a síndrome de Estocolmo, que nunca foi abordada na televisão.
Eu fiz várias pesquisas. A síndrome de Estocolmo é um estado psicológico que, sem perceber, a pessoa entra numa forma de se proteger daquele mal tão grande. Imagina: Kiki ficou quase dez anos presa no quarto, sem janela, sem luz do sol, é um horror! E aí, ela acabou se apaixonando pelo Zé Maria, dentro da síndrome de Estocolmo! Mas ela acha que está apaixonada…
Ela agora já é liberta, poderia sair se quisesse. Esse é o problema. Kiki poderia ir embora, mas tem a questão do por que ela não vai… São algumas das cenas secretas (risos). Tem algo a mais, que não é só a síndrome de Estocolmo, mas é ao mesmo tempo. Não é uma entrega 100%, ela percebe que aquele homem é um bandido.
Aquela Kiki morreu. O que vai acontecer com ela daqui pra frente eu não sei ainda. Novela é uma obra aberta e o João é muito criativo. Até agora eu a vejo como uma vítima dessa história toda. Mas ela pode virar uma vilã sim, tem muitos segredos por aí, alguns até que eu não sei (risos). O João me contou alguns, outros, ele falou: “nem você vai saber! (risos)”.
Eu queria que ela recuperasse a vida dela. Kiki vive com um bandido e ela não tem essa índole, ela não acredita nessa vida. Está vivendo assim por sobrevivência, mas eu espero que ela consiga retomar e de alguma maneira ser feliz. Eu não sei, por exemplo, como foi a primeira vez do Zé Maria com ela, se foi estupro ou se foi consentido. Mas, realmente, ela não seria feliz com o Zé Maria porque, até onde eu sei, ela não tem a índole má. O que mostra não é isso.
Depois da novela vou viajar um pouco, encontrar com a minha filha Luiza, na Alemanha, fazer a peça Estranhos. com, que começo a ensaiar em julho. É isso que está mais ou menos encaminhado.