O ator revela que não fez laboratório nenhum para dar vida à um dos personagens mais misteriosos e complexos de A Regra do Jogo
Atualmente, podemos ver Tony Ramos em duas novelas no ar. No
final da tarde, ele aparece como Opash, o comerciante indiano de Caminho das
Índias (2009). Em A Regra do Jogo, Tony vive um dos personagens mais nebulosos
da trama. Zé Maria começou a novela como um homem que dizia injustiçado por um
crime que não cometeu. Mas, agora, começa a mostrar sua verdadeira identidade.
Aos 67 anos, o ator paranaense coleciona diversos papéis marcantes em sua
carreira, e Zé Maria não fica de fora. Não é atoa que Tony é o ator com mais
indicações ao Prêmio Contigo! de TV e ganhador do troféu na categoria melhor
ator na edição de 2006, por sua atuação em Belíssima. Confira a entrevista em
que o ator fala sobre os desafios de viver Zé Maria.
Teve alguma preparação especial por conta do personagem?
Nenhuma. Não há preparação. Sabe por quê? Quando você tem uma
obra nas mãos tão objetiva como é nossa novela, é só dizer o que o texto manda.
Não fiz laboratório. Nada disso. Continuei a minha vida normal. A única coisa
que eu faço é decorar o texto e mergulhar nesse universo tão nebuloso que cerca
o meu personagem.
O que você acha do Zé Maria? Ele diz o tempo inteiro “eles
não vão me destruir, eles não podem me acusar de algo que eu não fiz”. Quem são
eles?
Nenhum de nós sabe. O João (Emanuel Carneiro, autor) com
certeza vai guardar isso durante um bom tempo. A minha memória e imaginação
natural me dá muitas informações para construir o personagem. Me falaram para
eu ver filmes, mas não adianta. Nada disso funciona!
Acha que há uma cobrança maior em relação aos atores por
fazer uma novela com a mesma equipe de Avenida Brasil (2012)?
Nunca foi tocado esse assunto durante as gravações. Nunca
existiu essa responsabilidade. A televisão é uma usina criativa de novelas.
Umas dão mais audiência, outras menos. A regra do jogo é essa. Nunca foi dito
nada em relação a Avenida Brasil. Estamos trabalhando com absoluta liberdade. E
é o público que decide o sucesso.
Falando em Avenida Brasil, como foi ter participado dessa
novela que marcou tanto o país?
Foi muito gostoso, mesmo sendo uma participação apenas no
primeiro capítulo. O João é um craque. É um vulcão! Ele guarda os segredos às
sete chaves. Ele participa de todo o processo, desde a produção até a edição. É
um autor muito envolvido com o trabalho.
Já se acostumou com esse visual? É bastante diferente de
tudo que você já fez antes na telinha?
Eu nem penso no visual. Foi um pedido da Amora (Mautner,
diretora de núcleo) e João durante um jantar no mês de março. Pediram para eu
deixar a barba e os cabelos crescerem. Topei na hora! Eu não complico. Não é
que eu seja o bonzinho, o certinho, o pronto para trabalhar. Eu sou apenas o
cidadão que gosta do que faz. Que gosta de fazer novela. Quando João me narrou
o que seria a história, em um restaurante, em plena segunda-feira, eu me
encantei pela trama e pelo meu personagem.
Há algum estranhamento quanto ao uso da caixa cênica,
recurso utilizado pela direção?
Não causa estranhamento. Eu acho ótimo. Já gravei muitas
cenas assim. Mas o ator tem que se preocupar com o texto e com o seu colega de
cena. Deve prestar atenção no olho no olho. O ator não tem que pensar em onde
está a câmera.
O que você mais gosta
de fazer quando não está gravando?
Tomar um bom vinho. Comer macarrão. Assistir o meu São Paulo
Futebol Clube. Torcendo e sofrendo com alegrias e tristezas com esse meu time,
e claro, curtir muito a minha mulher (Lidiane), os meus netos, ou seja, a minha
família.