Como aplicar ciência de ponta a um tema tão intangível quanto o bem-estar? Uma parceria entre a Fapesp, a Natura e três das mais importantes universidades brasileiras está oficialmente encarregada de responder a isso
O que acontece com o cérebro quando passamos um creme gostoso sobre a pele? A maquiagem pode realmente mexer com a autoestima de uma pessoa? De que maneira as fragrâncias podem alterar o nosso estado de ânimo?
O Centro de Pesquisa Aplicada em Bem-estar e Comportamento Humano, inaugurado na penúltima quinta-feira de junho, em São Paulo, vai ajudar a responder essas e outras questões destinadas a contribuir para a felicidade das pessoas.
Resultado de uma parceria inédita entre a indústria (Natura), uma instituição pública de fomento à pesquisa acadêmica (Fapesp) e renomadas universidades (USP, Unicamp e Unifesp, entre outras), o objetivo principal do centro será a estruturação de uma base sólida de conhecimento para a avaliação e promoção do bem-estar. Diferentes áreas do conhecimento vão somar conhecimento e tecnologia, com destaque para a neurociência cognitiva (que estuda a atenção, a memória e a linguagem, além da regulação emocional e as influências nas relações) e para a psicologia positiva (que tem seu foco no estudo e no desenvolvimento de qualidades humanas como otimismo, resiliência, cultivo das emoções positivas e autoestima).
Com sede no Instituto de Psicologia da USP, esse é o maior núcleo científico do país ligado ao tema e o primeiro criado a partir de um financiamento compartilhado. Receberá R$ 40 milhões (R$ 10 milhões da Natura, R$ 10 milhões da Fapesp e R$ 20 milhões das universidades) ao longo de dez anos para o desenvolvimento de 11 grandes projetos. Emma Otta, professora titular do Departamento de Psicologia Experimental da USP e uma das coordenadoras do núcleo, sintetiza o mérito da iniciativa: “À medida que as pessoas aprendam a fazer escolhas que promovam o seu bem-estar, nossa crença é que elas adoeçam menos. E isso impacte positivamente na saúde pública”.
Nesse horizonte há uma pesquisa que vai mensurar a habilidade social da criança. “O que acontece quando ela é solicitada a emprestar um lápis? Entrega na hora? Pede que o solicitante aguarde ela terminar de escrever ou diz: ‘Esse lápis é meu, vá procurar o seu’?”, questiona Patricia Tobo, gerente científica de bem-estar da Natura e também coordenadora do núcleo. “Queremos testar a eficácia de programas de bem-estar para esse público”, conclui. Ao que parece, projetos dessa natureza tornam o porvir mais atraente ainda.