O ator torce para que o público entenda a complexidade do delegado de Sertão
Com poucas novelas no currículo, Enrique Diaz vem se destacando nas séries. Só nos últimos cinco anos, o ator estrelou seis e revela que já está envolvido com mais uma, mas que ainda não pode dar muitos detalhes. “Em geral prefiro porque o trabalho é muito menos massificante, tem um tempo de concentração maior”, explica. “Uma novela quando fica realmente boa, a gente agradece porque as pessoas não sabem como é difícil fazer uma ótima trama no ritmo em que se trabalha”, conta o ator, que também é diretor e sempre que pode, dá suas sugestões para a cena. “Sou o maior palpiteiro da história (risos)”, brinca o artista, de 50 anos.
O ator até pensou que Plínio poderia se apaixonar por Aurora, mas constatou que era apenas interesse mesmo. Foto: TV Globo
JOGO DE INTERESSES
No ar em Onde Nascem os Fortes, como o delegado Plínio, o peruano, nascido em Lima, é direto sobre seu personagem. “Uma pessoa fofa, carinhosa… Estou brincando (risos). Ele é um canalha!”, detona. Para o virginiano, Plínio representa a parte ruim da imagem da polícia, mas ele espera que o público entenda a complexidade do delegado. “Ele não é um clichê. Tem alguns elementos que são muito próximos do que conhecemos da polícia corrupta, mas na história tem outros detalhes sobre a personalidade dele, que o motivam a ele ser daquele jeito”, explica. Em alguns momentos um bruto, em outros, um amor. Para Enrique a graça está aí. “O que é interessante é que ele tem várias caras. É muito violento numa cena com uma pessoa que não interessa a ele e, ao mesmo tempo, um enamorado com a Aurora (Lara Tremouroux). Ele dança conforme a música”, frisa. O ator conta que até pensou que o interesse de Plínio pela filha de Pedro (Alexandre Nero) poderia ser genuíno, mas não: é apenas interesse do corrupto. Para o ator, o delegado sofre da síndrome de vira-lata. “Ele vê o juiz, o empresário e acha que estar perto deles significa muito. Isso é algo que fala muito sobre o Brasil de hoje O mundo sempre fica muito dividido em classes, dinheiro e cria-se uma cultura em que você não pode se ver pertencendo aos desprivilegiados”, acredita.
Foto: Enrique caiu no gosto do público com o policial Douglas, da série Justiça. Foto: TV Globo
AMADO OU ODIADO?
Para fugir da caricatura, Enrique revela que gosta de colocar pitadas de humor em seus personagens. Mas que, às vezes, não dá para escapar das cenas de truculência. “Não gosto muito disso, nem me sinto bem. Toda vez que surgiam sequências mais violentas, eu dizia: ‘Ah, que saco! Vou ter que fazer isso!’. Mas, às vezes, a função é necessária naquele momento para a história acontecer. E aí eu fico procurando compensações para fazer esse personagem parecer mais humano”, explica. Em 2016, Enrique passou por um momento parecido. Na série Justiça, ele interpretou o policial Douglas, que, apesar de ter cometido muitos erros, conquistou simpatia do espectador. Agora, ele espera que isso se repita. “Torço para as pessoas verem essa complexidade dele. Desejo que enxerguem algo diferente, que é semelhante ao que aconteceu com o Douglas de Justiça. Aquela coisa de ‘odeio, mas não consigo odiar’. Eu prefiro que seja assim, mas não tenho controle sobre isso”, comenta.
Com a família: a esposa, a atriz Mariana Lima, e as filhas, Elena e Antônia. Foto: TV Globo
VIDA PESSOAL
Casado há 20 anos com a atriz Mariana Lima e pai de Elena, de 13 anos, e Antônia, de 10, ele não esconde a corujice ao falar das meninas, que tocam piano e gostam de desenhar. “Apesar de eu adorar trabalhar, minha casa é o lugar que mais gosto do mundo. É uma casa muito amorosa, bagunçada, criativa e minha família é o que mais amo na vida”, declara. Discreto, ele diz que usa pouco as redes sociais. “Tenho tentado estar pouco presente. Leio, gosto da informação, mas não fico entrando na onda de dar opinião sobre tudo. Algumas matérias que acho interessante que as pessoas saibam, tento replicar, mas procuro evitar polêmicas”, admite.