De volta às novelas, como a ingênua Carolina, de Verdades Secretas, seis meses depois de deixar repentinamente o elenco de Império, a atriz tranquiliza o público e avisa que está tudo bem
De espertalhona a ingênua. Esses adjetivos servem como um
par de luvas nos últimos trabalhos de Drica Moraes na TV. Se a vilã Cora, de
Império (2014), gostava de passar a perna em todo mundo, a batalhadora
Carolina, de Verdades Secretas, é um poço de inocência. Drica ficou seis meses
fora do ar, desde que, por problemas de saúde, teve de abandonar o elenco de
Império, tempo suficiente para ela exorcizar a Cora. E provar que o mundo dá
voltas. “Eu estou ótima, superbem. Tive um problema de afonia que, enfim, lá na
época da novela, me impediu de acompanhar o ritmo de gravação. Mas, agora, é um
outro momento e está tudo bem”, avisa. Na trama de Walcyr Carrasco, a atriz
brilha como Carolina, uma típica mãe brasileira, que é passada para trás
pela inescrupulosa Fanny Richard
(Marieta Severo). E não percebe que a safada está prostituindo sua filha,
Arlete/Angel (Camila Queiroz). “A Carolina é uma personagem muito bonita, mas o
azar é condição humana dela”, resigna-se a intérprete. “Acredito que o ser
humano possa dar certo. Que possa ser generoso e bondoso. Tenho provas disso,
inclusive”, destaca.
AOS 45 DO SEGUNDO TEMPO
Drica pegou o bonde andando. A atriz escalada para Carolina,
e que chegou a gravar alguns capítulos, foi Deborah Secco. Quando descobriu que
estava grávida de seu primeiro filho (atualmente no quarto mês) e comunicou ao
autor Walcyr Carrasco, ele decidiu pela substituição. “A Deborah Secco é uma
atriz que admiro, respeito, adoro, gosto dela. Saiu por um motivo lindo. E
achei muito legal eu poder entrar nessa novela, mergulhar de cabeça num
personagem tão lindo, que era de uma atriz que admiro há anos”, comenta a
carioca. E ter sido chamada no susto? “É um prazer enorme. Estou feliz,
entusiasmada e muito alegre de estar nesse trabalho”, jura.
DESCE PRO PLAY!
Dona de um bom humor contagiante, Drica arranca gargalhadas
ao contar como foi o convite para atuar em Verdades Secretas. “O Maurinho
(Mauro Mendonça Filho, diretor) foi lá em casa e disse: ‘Drica, pega a bola e
desce pro play’. Foi mais ou menos isso (risos). Tem algo ali no trabalho do
ator que é feito na boca do forno, na hora que acontece. A gente vai
aprendendo, fazendo. Não tem mistério. Então foi assim: chegar aqui e ir
descobrindo a Carolina, suas relações com a filha que é muito misteriosa. Ela é
uma típica mãe brasileira”, comenta.
AMOR DE MÃE E FILHA
“Quando muda uma escalação, muda um pouco o jogo. Define, redefine,
acrescenta coisas que não tinham”, opina. “A Deborah ia fazer uma mãe, como se
tivesse tido o filho mais jovem. Eu estou fazendo uma mãe que teve a filha mais
velha, com uns 30, 40 anos. O que importa é o espírito da coisa. E a gente
poder falar de um amor brutal, que é o amor de mãe e filha”, detalha, Drica, de
45 anos.
FÉ NA BONDADE HUMANA
Para a atriz, sua personagem tem uma inocência muito interiorana,
tipo daquela que vê e não quer enxergar. “Ela não crê que o ser humano possa
ser tão hipócrita e ruim”, define. “Quando a
gente tem um filho, sabe que ensina muita coisa, mas chega uma hora em
que as crianças crescem e escolhem quem querem ser no mundo. A descoberta de
quem é essa filha é a história de todas as mães. E essa filha pode ter um caso
com o marido dela (Carolina se casará com Alexandre, vivido por Rodrigo
Lombardi)… Enfim, isso é pra depois. Vamos ver o que vai acontecer”, diz.
AS VERDADES DO FILHO
Apesar de seu filho, Mateus, ter apenas 6 anos, Drica já
pensa no futuro dele. “Mateus ainda é muito pequeno. Sou uma mãe presente, mas
sei que vem muitas verdades secretas por aí pra mim também. Mas vou deixar que
elas aconteçam. Não vou me precipitar. A gente não dá conta da nossa imaginação
do mundo que nos espera”, conta.
EQUIPE DE PRIMEIRA
Outra razão que tem deixado Drica encantada com Verdades
Secretas é o elenco. “Gosto muito de estar com essa turma maravilhosa, com
atores da antiga, com os quais já trabalhei, e outros com quem ainda não havia
conseguido, como a Marieta Severo. A Ana Lúcia Torre é um ponto de árvore de
tanto fundamento que ela transmite. E tem uma galera jovenzíssima de atores
talentosos, que faz a roda girar. Fazer parte desse grupo é muito prazeroso”,
vibra. Para o autor, Drica também só tem elogios. “Com o Walcyr Carrasco fiz
belas novelas. Meus grandes personagens foram dele: em Xica da Silva (1996, na
Manchete), Chocolate Com Pimenta (2003) e Alma Gêmea (2005). E, claro o
diretor. “O Maurinho é um amigo há mais de 30 anos”, conclui, realizada.