Com 65 anos de carreira, Nathalia Timberg enfrenta, sem medo, o preconceito e exalta a amizade com Fernanda Montenegro, seu par romântico em Babilônia
Com mais de 50 anos de carreira como atriz, Nathalia Timberg vive um papel que levanta a bandeira contra o preconceito e prega a aceitação. Mais atual do que nunca, a atriz, de 85 anos, celebra a amizade com Fernanda Montenegro, parceira de muitos anos dentro e fora das telas, e fala sobre os limites do amor de uma mãe. A cena do beijo entre Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), nos primeiros capítulos de Babilônia, mexeu com o público, para o bem e o mal. Muitos aplaudiram, outros resolveram parar de assistir à trama de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga, chegando ao cúmulo de boicotar a novela.
Já sabendo das polêmicas que sua personagem poderia causar, Nathalia mostrou que não se abala com as opiniões contrárias ao casal homossexual. “Não tenho medo de nada. Dentro das condições que os autores apresentam essas personagens, acho que há uma visão de direito e de uma dignidade que todo ser humano merece”, afirma a atriz.
AMIZADE DURADOURA
Além de considerar seu papel em Babilônia um presente dos autores, Nathalia celebra uma alegria extra neste trabalho, que tem nome e sobrenome: Fernanda Montenegro. “Festejamos isso de várias maneiras!”, comenta Nathalia. A parceria amorosa das personagens se reflete na amizade de duas das grandes damas da teledramaturgia brasileira. “Estar ao lado dela é um privilégio. Temos um percurso de muito tempo. Às vezes, nos afastamos e esse reencontro é mais um presente que a novela me dá”, se derrete Nathalia.
A relação, que começou nos palcos do Grande Teatro Tupi, programa de teleteatro que levava ao ar adaptação de peças, se mantém até hoje. Espaço para inimizades surgiu apenas quando as damas se “enfrentaram” em O Dono do Mundo (1991) – Fernanda era a cafetina Olga Portela e Nathalia deu vida à Constância Eugênia, a grande vilã da trama de Gilberto Braga.
AMOR DE MÃE
Além da questão do preconceito, um dos grandes desafios para a atriz viver a Estela, em Babilônia, é a relação de “cegueira” com a filha Beatriz (Gloria Pires). Para Estela, Beatriz não é uma vilã. Já para Nathalia, o amor de uma mãe deve ter limites, principalmente, por um filho que tenha cometido atrocidades. “Há essa colocação de mãe que passa por cima de qualquer coisa por um filho. Não acredito nisso”, avalia a atriz, que pondera: “Estela tenta acreditar que o que Beatriz faz não é tão grave quanto alegam!”
Recentemente, quando fazia Amor à Vida (2013), Nathalia afirmou que não pretendia se aposentar tão cedo, “apenas quando se despedisse dessa vida”. Por enquanto, temos a sorte de acompanhar uma das grandes atrizes brasileiras, ao lado de outra figura fundamental da dramaturgia, trabalhando muito e quebrando cada vez mais os preconceitos da sociedade.