O ator e diretor comemora a volta de Pé na Cova à telinha da Globo, depois de uma longa temporada fora do ar, e garante que o povão sentia saudades da série
Miguel Falabella está feliz com a volta ao ar de Pé na Cova,
que entrou em sua quarta temporada e conta também com o retorno de Marília
Pêra. Por causa de um problema de saúde, a atriz não participou de todos os
episódios da temporada passada. “É um prazer fazer o programa ao lado da
Marília, que eu considero a maior atriz do Brasil”, derrete-se Falabella, que
dá um triste aviso aos fãs do programa: “Tudo indica que a quinta será a última
temporada!”. O carioca, de 58 anos,
relembra sua conversa com a diretora Cininha de Paula, ainda quando Pé na Cova
era apenas uma ideia: “Estava vendo A Família Addams com a Cininha, na
Broadway, e falei pra ela que queria
fazer um programa no subúrbio, dentro daquelas características, com personagens
que não aliviam, dizem horrores, mas são críveis. Tudo nasceu ali!” Segundo o
ator, o desprezo ao politicamente correto é a grande sacada da série. “A
Darlene, por exemplo, diz para o Ruço: ‘Te admiro porque você tem a
possibilidade de cair, cair e continuar de pé’. Em um país que nos trata
duramente, com a população vivendo em colapso, o Pé na Cova é um alento. Brinco
que o Ruço não é classe C, porque nunca andou de avião. Mas como ele anda na
contramão, vai ascender socialmente porque ganha uma passagem da ponte aérea.
Vamos ver no que vai dar (risos)”, diverte-se.
ESTRELA NA HORA H
Miguel conta que foi por uma questão de logística que a
quarta e a quinta temporadas foram gravadas em sequência. E não esconde que
ficou aborrecido porque o programa ficou muito tempo fora do ar, uma vez que a
última exibição havia acontecido em julho de 2014. “São as circunstâncias”,
reconhece. “Sou estrela na hora de dar piti, mas falo muito com o público e
senti que as pessoas tinham saudade do seriado”, revela.
FAMÍLIA DE VERDADE
Sem perder a piada, Falabella fala do clima nos bastidores
de Pé na Cova. “Se não tem uma boa coxia, nada funciona. Temos uma ótima
equipe, a gente se diverte demais”, avisa. Já o ator Daniel Torres, que faz o
Alessanderson, virou um filho também por trás das câmeras. “Tenho uma relação
paternal com ele. O Daniel começou menino e se tornou um rapaz. Aprendeu a ser
ator”, elogia.
FORA DOS PADRÕES
Sem papas na língua, Falabella exemplifica ainda sua maneira
peculiar de enfrentar as situações adversas e dar a volta por cima. “Em um
episódio do Toma Lá da Cá (de 2007 a
2009), a Niana Machado, que é a Bá de Pé na Cova, fazia figuração na invasão do
Jambalaya para roubar. A Niana tinha que me bater. E ela me encheu de porrada.
A plateia enlouqueceu, eu também e disse: quero essa mulher na minha vida”,
conta. Moral da história: Miguel, ao emplacar o Pé na Cova, levou Niana para o
elenco: “Na primeira temporada ela foi muito boicoitada. Diziam que ela não era
padrão. Eu respondia: é o meu padrão. Deixa o público julgar. Sou ator e meu
olhar para o mundo não é padrão. Me interesso por gente, não por cabelos e
maquiagens.”
ALEGRIA PARA O POVO
Ele não esconde também que seu maior prazer sempre foi dar
alegria para o povo, desde que começou, em 1979, no espetáculo O Despertar da
Primavera. “Escolhi esse caminho. O da alegria, o do afeto. Faço humor que todo
entende. Quando o personagem é costurado com afeto, ele é entendido. Até o
oligofrênico do Caco Antibes, de Sai de Baixo (1996 a 2002), que odiava pobre”,
exemplifica. Por conta disso que
Falabella fez questão de lançar a quarta temporada de Pé na Cova longe do
Projac, onde a série é gravada. E levou toda a trupe para a Lona Cultural João
Bosco, em Vista Alegre, bairro vizinho a Irajá, cenário do programa: “Já andei
em tudo que é Lona Cultural, quando trabalhei na rede municipal do Rio (ele foi
gestor de dez teatros e seis lonas de 2003 a 2007)”, conclui.