Considerado o rei do horário das 6 da Globo, Domingos Montagner destaca um lado mais introspectivo, semelhante ao de Miguel, seu personagem em Sete Vidas
Após quatro novelas, o primeiro
protagonista. Se a ascensão de Domingos Montagner na TV foi meteórica ou não, o
fato é que o ator, de 53 anos, sabe reconhecer o espaço ganho na telinha, como
fruto de muita dedicação: “Não imaginei que, em dois, três ou cinco anos, ia
querer ser protagonista”, diz o paulista, que, com o Miguel de Sete Vidas,
conquistou o posto de galã do horário das 6. Afinal, foi nessa faixa que ele
estreou em novelas, como o cangaceiro Herculano, de Cordel Encantando (2011) e
onde também fez sucesso dois anos depois, vivendo o Mundo, de Joia Rara: “Rei
do horário das 6? Será (risos)?”, brinca o ator, que destaca em si
características semelhantes às de seu personagem na trama de Lícia Manzo, um
navegador solitário: “Gosto de observar. Falo muito menos do que escuto!”
A principal característica do Miguel é
mesmo a solidão?
Ele gosta da introspecção para refletir, mas
não é totalmente solitário. Miguel dá aula, é carismático, tem uma ONG
importante, onde desenvolve projetos de pesquisas no campo da ecologia e é
reconhecido no metiê científico. Só que tem essa dificuldade em assumir
relações e compromissos duradouros.
Mas isso começa a mudar…
Quando a Lígia (Débora Bloch) chega, ele
fica balançado, realmente. E o surgimento dos filhos, de repente, desperta,
pelo momento emocional que ele está vivendo, a possibilidade de ter uma
família, algo que ele nunca pensou.
Assim como ele, você também gosta do
contato com o mar?
Não, eu sou da terra (risos). Mas não tenho
problemas ou medo do mar. Eu o comparo ao circo, que é de onde eu venho. Quando
você está na lona, numa apresentação, e vem uma tempestade, tem que contornar a
situação. É a mesma coisa quando se está navegando. Não dá para lamentar, tem
que resolver o problema.
Percebeu alguma outra identificação com o personagem?
O ser humano é semelhante e tenho um pouco dessa solidão. É preciso passar por esses momentos para se escutar. E eu gosto de observar. Falo muito menos do que escuto.
A novela trata dos novos arranjos familiares. Acha importante discutir esse assunto?
Não tenho vontade de discutir, porque isso é natural. Eu debato no sentindo de que, se alguém vier com a ideia de que isso não possa existir, eu vou ter uma opinião contrária. As relações humanas estão se transformando, mas é importante colocar em pauta sim, até porque, na TV, ganha uma dimensão maior.
Como é protagonizar uma novela?
Não imaginei, ao entrar na TV, que em dois, três ou cinco anos ia querer ser protagonista. Não vim com planos. Não sei se foi rápido, porque não tenho esse parâmetro de quanto tempo leva para virar protagonista depois que se entra na TV. Mas achei ótimo. Sou grato pelos trabalhos que fiz e pela maneira com que fui recebido na televisão. E fico feliz com o reconhecimento do trabalho, traz conforto.
Virou o rei do horário das 6?
Será (risos)? Não, é apenas uma coincidência. E Sete Vidas, quando o Jayme (Monjardim, diretor-geral da trama) me chamou, era para ser exibida às 23h. Depois, houve a mudança. Mas não me considero rei ou galã, eu gosto é de fazer bons trabalhos.