Aos 51 anos, Gloria Pires encara Beatriz, uma vilã sedutora em Babilônia, e se diz lisonjeada com o papel: “Nunca imaginei fazer uma tarada sexual”
Considerada uma das melhores atrizes da dramaturgia
brasileira, Gloria Pires recebeu um convite inusitado dos autores de Babilônia:
fazer uma vilã louca por sexo. Se ela gostou? “Adorei! Me sinto com o ego muito
massageado (risos)”, diverte-se a carioca, que avalia Beatriz como uma
personagem diferente de tudo o que já fez, em 47 anos de carreira. Preparada
para mostrar seu lado mais sexy em cena e conquistar os homens dentro – e fora
– da tela, ela assume que não fez nada de especial com o corpo e que a dieta
seguida há 20 anos é a grande responsável por sua forma física, embora essa não
seja uma preocupação. “Não estou aqui para pagar corpinho e nem para ser a
coroa sexy”, desabafa, sem papas na língua.
É verdade que a Beatriz andou tirando o seu sagrado sono?
No início, sim. Até pela expectativa de começar a gravar e
colocar em prática o que eu estava pensando. Quando começa a rotina de gravar
15, 20 cenas, é que a coisa vai entrando no ritmo. E a Beatriz é
tridimensional, cheia de facetas, eu queria achar uma maneira de fazê-la muito
rica em todos os aspectos, sabe? Não queria fazer uma vilã e só. Isso me tirou
o sono.
A personagem tem algo em comum com a maria de Fátima,
de Vale Tudo (1988)?
As duas são
diferentes, em todos os sentidos. Maria de Fátima era uma jovem ambiciosa que
estava começando a vida e queria ser rica a qualquer custo. A Beatriz já é rica,
de meia idade e já passou por várias situações e se reinventou, é surpreendente
como ela dá a volta por cima.
A Beatriz é ninfomaníaca?
Pelo que eu estudei de ninfomaníacas, não. Beatriz adora
sexo, o que é diferente. A ninfomaníaca não tem prazer no sexo, ela quer
quantidade. E a minha personagem é apenas uma mulher insaciável, em todos os
sentidos (risos).
Você gosta de fazer vilãs?
Eu gosto de bons personagens. E a Beatriz é legal porque é
diferente do que eu já fiz. A essa altura do campeonato, depois de sabe-se lá
quantas novelas, ter uma personagem como essa é um presente. Nunca imaginei
que, aos 51 anos, fosse fazer uma tarada sexual (risos).
Mas ela mostra algum lado bom?
Todo mundo tem esse lado. Mas se você for fazer uma leitura católica
apostólica romana, ela não tem nada de bom, é uma peste (risos). Se olhar o
lado humano, vai encontra algo bom. A amizade com a Inês (Adriana Esteves), por
exemplo, ela leva um pouco por pena e porque, de alguma forma, se sente
querida, embora seja uma coisa invejosa e louca.
Fez uma preparação especial para as cenas mais sensuais?
Tenho 42 anos de
Globo, então posso dizer que não estou aqui para pagar corpinho, nem para ser a
coroa sexy. Estou feliz demais com a possibilidade de fazer a Beatriz.
Mas como mantém o corpo?
Faço dieta rigorosamente há 20 anos e há pouco mais de dois
consigo manter a atividade física. Agora, proibido? Alimentos industrializados.
Proibidos por mim (risos). Não tomo refrigerante e não como fritura porque não
me dou muito bem. Em relação a carne vermelha, não como desde os 12 anos porque
fiz um voto. Mas isso não tem a ver exatamente com regime. Dieta é você saber o
que vai comer e saber que a comida não vai fugir, é ter regras.