O autor aposta em suspense e mistério na nova trama das 9 e conta como será a história central da novela
Das histórias em quadrinhos, surgiu o autor mais reconhecido
da nova geração de novelistas. Depois de trabalhar nos cartuns de Ziraldo e
escrever o roteiro do filme Central do Brasil, que foi indicado ao Oscar de
melhor filme estrangeiro e melhor atriz (Fernanda Montenegro), em 1999, João Emanuel
Carneiro, carrega o status de aposta da Globo para reformular o modo de se
fazer novela. O carioca começou na emissora há 15 anos, colaborando com Maria
Adelaide Amaral nas minisséries A Muralha (2000) e Os Maias (2001) e, no ano
seguinte, auxiliou Euclydes Marinho em Desejos de Mulher. Seu empenho e talento fizeram com que a
emissora apostasse em seu potencial e deram carta branca para ele escrever Da
Cor do Pecado (2004), sua primeira novela como autor titular, marcada pelo
sucesso. De lá pra cá, só escreveu tramas com êxitos em audiência como Cobras e
Lagartos (2006) e A Favorita (2008), que marcou sua estreia no horário nobre. E
o fenômeno Avenida Brasil, em 2012. Em sua nova história, A Regra do Jogo, João
Emanuel narra a saga de Romero Rômulo (Alexandre Nero), um ex-vereador cuja
maior benfeitoria é reintegrar à sociedade pessoas que já foram para a cadeia.
Aparentemente, é um homem simples e do bem, mas que guarda muitos mistérios
sobre sua vida e de sua família. Em entrevista, o autor conta detalhes sobre a
novela, que estreia na segunda 31.
Como definir A Regra do Jogo?
A proposta é fazer
uma reflexão de quanto as pessoas condenam ou absolvem alguém segundo seu
próprio critério. Até que ponto o indivíduo tolera uma pessoa, porque o limite
do brasileiro é tênue.
Os limites do ser humano sempre estão presentes em sua
obra…
Central do Brasil contava a história de uma mulher que
escrevia cartas para pessoas e não postava para ficar com o dinheiro. Você a
condena ou a absolve? Esse tema está presente nas minhas tramas há muito tempo.
A moral do brasileiro não é duvidosa, é cambiante.
Desde quando você está escrevendo A Regra do Jogo?
Foi um processo longo de dois anos. Um ano elaborando
sinopse e outro escrevendo os capítulos. Um processo que vai amadurecendo a
obra. O público acha que a gente começa a escrever um pouco antes de entrar no
ar. Minha brincadeira é o contrário. Vou fazer uma novela semiaberta.
Você sempre teve personagens femininos fortes. Como é agora?
Vai ser uma novela bem masculina. Não tenho ideia do porquê
que fiz isso. Minha mãe é muito católica e queria que eu fizesse uma novela
sobre um santo, a discussão é essa, se Romero Rômulo é um santo ou não. Nós
temos o bem e o mal construído dentro do personagem. Ainda não sei o caminho
que ele vai seguir.
Gostou da escolha de Alexandre Nero para ser o protagonista?
Esse personagem era para o Alexandre Nero. Os atores acabam
encontrando seus personagens, seja por vias tortas ou diretas. Nero é o Romero.
Sempre foi dele.
Você não teme que a história possa ser rejeitada, como
aconteceu com Babilônia?
Sempre vão gostar de uma boa história. Quem não tem medo,
não faz nada, um pouco de medo e de ousadia faz bem. É uma responsabilidade
enorme fazer uma história para 40 milhões de pessoas. Mas eu estou tranquilo.