‘Os atores são uma família. Uma família que se quer muito bem, que se ajuda, se solidariza!’, diz.
Longe das novelas desde Além do Tempo (2015), Juca de Oliveira encerra agora sua participação em O Outro Lado do Paraíso, após a morte de Natanael, um dos personagens mais cruéis da trama de Walcyr Carrasco. O advogado armou para separar o filho, Henrique (Emílio de Mello), da esposa, Beth (Gloria Pires), e tentou matar a ex-nora várias vezes. Juca tenta entender o ato do vilão. “O que o levou a tomar essas atitudes é a grande paixão que ele tem pelo filho e a ansiedade em relação ao progresso profissional e intelectual do Henrique”, diz o ator. Pai da produtora teatral Isabella, de 42 anos, ele acredita que, de alguma forma, acontece uma identificação do público com os vilões. “Todos têm alguma coisa do Natanael. Todo pai tem uma paixão especial pelo filho, tem uma nora que nem sempre corresponde a expectativa dele. É natural que isso aconteça com os pais em relação aos filhos”, explica.
COLHENDO O QUE PLANTOU
Apesar de tentar compreender seu personagem, ele acha que os pais não devem interferir tanto assim na vida de suas crias. “Cada um escolhe ser feliz como quiser. Você não pode ser condenado à convivência. As pessoas se apaixonam por outras e, quando acontece, não há razão para não ficarem juntas. A eclosão do amor é impossível de parar”, filosofa. Mas o paulista não é tão condescendente assim com Natanael. Segundo ele, o advogado apenas colheu o que plantou. “O que você faz aqui, deve pagar aqui. Acho que devemos ser afetivos, generosos, solidários sempre. E se não somos assim, se somos o contrário disso, é ótimo que soframos as consequências”, define o veterano.
Juca e Julia Dalavia, sua neta na trama de Walcyr Carrasco. Foto: Marília Cabral/Rede Globo
PLENA FORMA ARTÍSTICA
Aos 82 anos, Juca revela estar na plenitude de sua disposição profissional e garante que nem pensa em parar. “Imagina! Eu sinto que estou no começo (risos)”, brinca. “Eu continuo trabalhando muito. Hoje, provavelmente, trabalhe mais do que quando tinha 20 anos. Atuo e continuo escrevendo várias peças para estrear…”, enumera. Com um elenco repleto de atores veteranos, a trama das nove é responsável por reunir a nata da dramaturgia brasileira, grandes amigos de Juca. “Não é exatamente um reencontro. Nós somos, na verdade, uma quadrilha (risos). Os atores são uma família. Uma família que se quer muito bem, que se ajuda, se solidariza!”, festeja.