‘Não vou ficar me escondendo, até porque é uma coisa natural e é importante colocar isso, pois faz parte da minha vida’
Filha dos atores Lorena Silva e Thierry Tremouroux, Lara Tremouroux cresceu nos palcos e camarins e diz que, desde que nasceu já queria ser atriz. Depois de algumas participações, ela teve a oportunidade de interpretar a Catarina, na série de comédia Filhos da Pátria (2017), e, agora, em Onde Nascem os Fortes, a ariana explora um território que, para ela, é mais fácil. “Sou supersensível, chorona, então, fazer o drama pra mim tem sido mais confortável”, admite a jovem de 21 anos.
Família Gouveia: Pedro (Alexandre Nero), Rosinete e Hermano (Gabriel Leone). Essa é a segunda vez que Lara é filha de Nero. Foto: TV Globo
SEM PRECONCEITO
Pela segunda vez, Lara é filha de Alexandre Nero, os dois atuaram juntos em Filhos da Pátria. Mas, desta vez, sua personagem carrega um drama. Aurora tem Lúpus, doença autoimune, caracterizada por inflamações na pele, articulações, olhos, rins, cérebro, coração e pulmões. Para construir a jovem, a atriz leu muito sobre o assunto, assistiu filmes e até visitou hospitais. “Muito mais gente sofre dessa doença do que imaginamos. Não se fala muito sobre ela, mas fui descobrindo depois que até Lady Gaga e Selena Gomez têm Lúpus”, conta a artista. Pela falta de informação, várias pessoas acham que a doença é contagiosa e isso gera preconceito. Em uma de suas visitas ao hospital, Lara escutou um relato que a tocou. “Teve uma menina que ouviu alguém dizer no ônibus: ‘Não senta do lado dela’. As pessoas comentam isso em voz alta e é duro! É ótimo que a gente possa falar sobre o Lúpus na TV para diluir esse desconhecimento sobre a doença”, lamenta.
Na supersérie, Aurora sofre com a proteção excessiva da mãe, Rosinete (Debora Bloch). Foto: TV Globo
SEM PENA
Assim como Aurora, muitos que sofrem com a doença acabam tendo que lidar com a superproteção da família e com a piedade de quem vê. “As pessoas com quem conversei também reclamaram disso. É a pior coisa. Elas são fortes também! Dá para você ter uma vida normal. É muito chato ficarem te diminuindo assim”, afirma a atriz, que já sentiu isso na pele. “Às vezes, quando estou caracterizada, vou para a praça de alimentação dos Estúdios Globo e noto olharem pra mim com cara de pena”, revela a jovem, que se solidariza com as histórias que conhece. “Pena não é a palavra, porque eu vi muita força nelas, muita potencia e todas falam de igual para a igual. Mas dói você ouvir a pessoa contando um relato de que estava bem durante um tempão, aí foi à praia, pegou um pouquinho de sol e a doença voltou. Não é pena, mas uma empatia”, explica a estrela.
No ano passado ela, ela foi a Catarina, de Filhos de Pátria. Foto: TV Globo
SEM SE ESCONDER
Homossexual assumida, Lara nunca fez questão de ocultar sua orientação. “O preconceito existe, claro, mas, ao mesmo tempo, eu sempre pensei que, se a gente ganha essa visibilidade enquanto artista, pode usar isso para falar sobre coisas que a gente acredita”, afirma Lara, que está solteira no momento. “Não vou ficar me escondendo, até porque é uma coisa natural e é importante colocar isso, pois faz parte da minha vida”, relata a atriz, que já foi alertada sobre as consequências que isso poderia ter na sua carreira. “Muita gente veio dizer: ‘Ah, você não deveria postar esse tipo de coisa, porque ninguém vai te chamar para fazer papel romântico’. Se deixarem de me chamar por causa disso, eu é que não quero trabalhar com essa pessoa”, afirma.
A jovem recebe muitas mensagens de apoio e de pessoas que dizem se sentir encorajadas por ela. “Representatividade é algo muito importante. Se identificar em várias esferas é importante para todos. Nesse caso estou falando disso, mas, por exemplo, é importante ter mais negros na televisão para as pessoas se sentirem reconhecidas ali. É muito gostoso poder sentir que eu fiz alguma diferença”, comemora a carioca, que levanta outra importante bandeira. “Eu sou superfeminista e sem medo de dizer: com muito orgulho”, conclui a ariana.