Ela vive a atormentada Silvana na trama das 9
Mesmo sabendo que a mentira tem perna curta, a Silvana, de A Força do Querer, insiste nesse artifício para enganar o controlador marido, Eurico (Humberto Martins), e a filha, Simone (Juliana Paiva). Lilia Cabral conta que conheceu pessoas com os mesmos problemas da personagem e o que mais chamou a sua atenção são as mentiras que eles inventam. “Eles dizem que o grande jogador é, antes de mais nada, um grande ator, porque tem que mentir muito bem. As mentiras vão evoluindo, dentro e fora do jogo. E, para ser convincente, precisa ter muita credibilidade. Por isso, que é difícil, para quem está envolvido, entender que, de repente, aconteceu algum problema. A sua família acabou, tudo acabou, foi para o buraco. Como assim, se até então era tudo tão verdadeiro? E não é!”, resume a paulistana, de 49 anos. Mentira, de 59 (risos).
Você frequentou alguma mesa de carteado de verdade?
Fui a muitos jogos, joguei bastante e aprendi. E estou jogando bem (risos). Não jogava pôquer, nada, nada. Pelo contrário, tenho problema com o jogo. Não gosto de perder.
É a favor da liberação dos cassinos no Brasil?
É uma diversão. O perigo é que, como qualquer diversão, existe uma minoria que entra dentro de um processo que não é bom nem para ele, nem para a vida dele. Nada que é clandestino é bom. Quanto mais tudo for transparente, legalizado, melhor. O problema é o lado compulsivo. É isso que a Gloria Perez está discutindo na novela. A pessoa se identifica com aquele gesto, com aquela adrenalina e aí é muito difícil. Só com tratamento, que é para a vida toda.
Apesar do tema sério, a Silvana tem um lado bem trapalhão…
A Silvana é pior do que criança, mente até não querer mais. As histórias que ela inventa a tornam muito divertida.
Já conviveu com um compulsivo?
Graças a Deus, não. Lá em casa gostamos de comer chocolate, mas não chega à compulsão. Sempre tive muito medo disso, desde criança. Vivi numa época em que as pessoas iam para os extremos e esses extremos assustam. Fui muito bem orientada. Então, não tenho isso e nunca convivi, no dia a dia, com pessoas assim.
Acha que a recuperação da Silvana ainda é possível?
Ah, sim (risos)! Quando ela perder tudo. Quando levar a família pro buraco, aí, com certeza, ela se recupera. A Silvana não vai ficar só na alegria, que joga por prazer. Quero que o público vá tendo cumplicidade com ela, com sua família, porque, quando tiver a barra pesada mesmo, todos entenderão a problemática.