A atriz ainda contou que aproveita os personagens que faz para defender a causa
Não é só pelo desejo de independência política que Virgínia clama em Liberdade, Liberdade. A dona do cabaré de Vila Rica defende direitos igualitários entre homens e mulheres. Mas o que a misteriosa cafetina esconde são os segredos que rondam a real identidade de Rosa (Andreia Horta). Os ideais de Virgínia também são defendidos por sua intérprete, Lilia Cabral, que aos 58 anos, debuta em uma trama ambientada no século XVIII. “É muito diferente de tudo o que já fiz”, revela a atriz.
Como você define a Virgínia?
É uma revolucionária, que luta pela independência do Brasil. Teve uma desilusão amorosa e resolveu seguir o caminho da prostituição. Mas isso não significa que seja inferior, ela é independente. Cada mulher que sofria alguma violência, naquela época, ia por esse caminho do abandono. Na verdade, a mulher percebia o quanto valia como sexo feminino e não como uma pessoa submissa à família e aos modos tradicionais. Eu fiquei muito surpresa, porque a gente ouve falar pouco sobre as mulheres conspiradoras daquela época.
O que a fez aceitar o convite para atuar em Liberdade, Liberdade?
Na minha carreira quase não tem novela de época. Esse tipo de trama te leva para um mundo que eu jamais imaginei que fosse viver. Quando entro no set, tenho a sensação de que a minha vida está muito distante daquela realidade selvagem, suja e grotesca. É diferente de tudo o que já fiz. Está sendo importante pra mim, ainda mais porque sou muito fresca. E estou tendo que me descontruir, ficar suada. É um teste para mim.
Acredita que a Virgínia seja uma precursora do feminismo?
Procurei não criar a expectativa de uma mulher que levanta bandeiras do feminismo. Mas lutar pelas coisas, faz com que as pessoas acreditem o quanto você quer o melhor não só pra você, mas para uma gama maior de gente.
Se considera uma feminista?
Sim. Eu, como mulher, defendo meus direitos. Aproveito os personagens que faço para defender a causa. Não saio berrando, mas tenho uma postura elegante e consciente daquilo que sou como profissional e mãe de família.
É verdade que sua filha, Giulia, está seguindo os seus passos?
Giulia sempre foi muito voltada às artes, apesar de ser excelente aluna de matemática, física e química. O pai (Iwan) falava: ‘tem que ser engenheira (risos)’. Ela cursa produção textual e faz a CAL (Casa das Artes de Laranjeira). Giulia escreve muito bem, fez cinco anos de Tablado. Ela se sente bem, feliz e está amadurecendo. Mas eu digo a ela e a todas as meninas que trabalham comigo: primeiro tem que estudar. Se quer ser atriz tem que estudar a vida inteira.