Em entrevista a MINHA NOVELA, a atriz que interpreta Patrícia fala sobre a boa fase da carreira e o preconceito racial
Lucy Ramos é uma mulher forte e decidida, assim como
Patrícia, sua personagem em I Love Paraisópolis. Aos 32 anos, a atriz
pernambucana comemora a boa fase profissional. “Amo as minhas personagens
anteriores, como a escrava Adelaide de Sinhá Moça (2006) e Maria Cesária de
Cordel Encantado (2011), mas estava na hora de tentar algo novo, dar vida a uma
mulher diferente”, revela. Engajada na luta contra o preconceito racial, Lucy
não esconde a satisfação por ter sido escolhida para o papel de Patrícia, moça
que se formou na USP, fez pós-graduação na Inglaterra e mora no Morumbi. “Nós,
negros, sempre interpretamos personagens em condições inferiores, como
escravos, por exemplo. Queria mudar isso”. Lucy deixou de fazer um papel em
Babilônia, em que seria uma moradora da comunidade, para ficar com a psicóloga
da novela das 7. Ela afirma que não recusou a personagem, e sim, trocou de
produção por decisão da emissora. “Apareceu a Patrícia e a casa optou por me
mandar para I Love Paraisópolis”, diz, sem esconder ter adorado a mudança.
“Achei ótimo, claro! A Patrícia se mostra uma pessoa bem resolvida, que sente
pena de quem descrimina o outro por causa da cor da pele”.
Na vida real, você tem alguma semelhança com a Patrícia?
Depende muito da situação. Eu gosto de ajudar e dar
conselhos, como ela faz com a Margot (Maria Casadevall). Mas também sou
diferente da Patrícia, não tenho sempre a solução na ponta da língua para
ajudar os outros.
Antes de I Love Paraisópolis, estava escalada para
Babilônia. Por que recusou o papel?
Todos acharam melhor que eu interpretasse a Patrícia.
Comemorei muito essa decisão por essa personagem não ser estereotipada. Uma
psicóloga pode ser branca, negra, amarela. Nós, negros, sempre interpretamos
personagens em condições inferiores, escravos, por exemplo. E eu queria mudar
isso.
E como você vê a questão racial na televisão brasileira?
O preconceito sempre vai existir, mas eu já superei tudo
isso. No mundo de hoje, é horrível saber que algumas pessoas ainda julgam pela
aparência. Para mim, não importa se a pessoa é gorda ou magra, pobre ou rica. É
a sua essência que vai me tocar. Convivo bem com todos. Se alguém me
desrespeitar por causa da minha raça, não vai me afetar. Tento, ao máximo, não
viver o preconceito.
Qual foi o momento mais difícil da sua carreira até agora?
Ser ator é sempre uma caixinha de surpresas. Uma hora você
está trabalhando em uma personagem legal, mas em outro momento, está na espera.
Essa profissão é sempre um suspense e esses são, com certeza, os momentos mais
complicados. Quando um trabalho acaba, só nos resta mesmo esperar um telefonema
para outro.
O que você mais gosta de fazer quando não está gravando?
Eu gosto muito de ficar na minha casa com o meu cachorrinho,
o Pingo. Eu e ele temos uma conexão muito forte.