A atriz elogia a coragem de ‘Justiça’ em abordar na TV temas complexos e polêmicos, como o racismo e o estupro
Protagonista – ao lado de Jéssica Ellen – de uma das tramas mais fortes da minissérie Justiça, Luisa Arraes conclui seu terceiro trabalho na TV com a sensação de dever cumprido. Filha do diretor Guel Arraes e da atriz Virginia Cavendish, ela emprestou sua sensibilidade ao tocar num assunto difícil como o abuso contra a mulher. “A Débora me incentivou a não ter medo”, afirma a carioca, de 23 anos, que, ano passado, formou com Chay Suede o casal mais querido de Babilônia, Laís e Rafael.
Como foi retratar na TV um assunto tão delicado como o estupro?
É muito importante levantar um assunto que deve ser tratado e discutido. Não falar sobre o estrupo, não quer dizer que ele não exista. Pelo contrário: ele é bastante forte em nossa sociedade. Quem é mulher sabe o medo que sentimos todo dia. Fazendo a personagem, me vi entrando em contato com uma coisa horrível. Eu não gostaria de falar sobre o estupro, porque me causa muito horror e medo. Mas a Débora me trouxe a vontade de saber mais sobre o tema e me incentivou a não ter medo. Para compor a personagem ouvi muitos relatos de pessoas que sofreram abuso.
Já sofreu algum tipo de assédio?
Eu já sofri. Na verdade, toda mulher sofre assédio. É absolutamente desagradável e constrangedor. Fico feliz em viver numa época de onda feminista. Na adolescência, pensava muitas coisas ruins que poderiam acontecer comigo e, hoje, me sinto mais amparada. De cinco anos pra cá essas ideias vieram com mais força e isso é fundamental. Mas esse incômodo é importante para que nada pareça natural.
O que você acha que a minissérie tenha despertado no público?
A série deu voz a coisas sujas e feias que acontecem por aí. É importante para as pessoas que passaram por situações infelizes, como o racismo e o abuso, se sintam à vontade de denunciar e não deixar que esses crimes fiquem velados.
Você acredita que a justiça pode ser feita com as próprias mãos?
É muito delicado. Deve ser estudado caso a caso. Você pode refletir sobre seus atos e acalmar ou agir por impulso. Alguns dos personagens de Justiça não abandonam esse ímpeto. O objetivo da minissérie foi discutir o que é o justo e o que é vingança. Todas as histórias falam disso, mas não há uma resposta exata.
Como foi ter virado o casal principal de Babilônia, junto com o Chay Suede?
Foi incrível! Um encontro muito feliz pra mim e para o Chay. Foi uma honra ter atuado ao lado de Fernanda Montenegro, Nathália Timberg, Marcos Palmeira e Arlete Salles. É muito legal quando alguém chega perto de mim e elogia esse casal lindo.