O rústico Apolo de Haja Coração fala também sobre a experiência da paternidade
Longe das novelas desde Amor à Vida (2013), Malvino Salvador está de volta à tela em Haja Coração, como o rústico Apolo, personagem interpretado por Alexandre Frota em Sassaricando (1987), de Silvio de Abreu. O manauara considera que seu maior desafio, na trama assinada por Daniel Ortiz, é dar vida a um Apolo inusitado, com características e finalidades diferentes, sem bengalas no passado. Aliás, ele gosta mesmo é de olhar para a frente, mas sem desprezar suas origens: “Hoje, sou uma pessoa consciente de que vivi tudo o que queria viver, no momento certo. Acho que quando eu chegar aos 100 anos, e vou passar, fazendo meu boxizinho, correndo, vou dizer: a melhor fase da minha existência é agora.” O resultado dos esportes que pratica é fácil de conferir. Malvino completou 40 anos em janeiro, com o corpinho de 20, e brinca com a nova idade: “Quatro ponto zero. O motor é bom (risos). Tá potente ainda”, diverte-se o pai de Ayra, de 1 ano e meio, com Kyra Gracie, que espera o segundo filho do casal, e de Sofia, 6 anos, de uma relação anterior.
Nós fizemos A Favorita (2008) juntos, mas não contracenamos. E está sendo maravilhoso trabalhar com ela. Tancinha e Apolo são iguais, têm temperamentos muito parecidos. É um casal gato e rato, que se ama, briga, se esgoela e se beija o tempo todo (risos).
Se é. O mauricinho do Beto (João Baldesserini) vai levar muita porrada. Mas, depois, o Apolo vai se ferrar, ficar deprimido, coitado. Tancinha vai trocar ele pelo Beto. Apolo é cheio de sonhos. Vai virar piloto, comprar uma casa e nem de longe é um vilão.
Estou me divertindo muito, principalmente, pela personalidade dele, que é um cara inspirador, solar, impulsivo, honesto. É um ser humano que tem suas qualidades e defeitos. Na novela, não temos a preocupação de querer saber como era esse papel lá atrás. Estamos encarando a trama como algo totalmente novo.
Sim. O afastamento de dois anos foi um tempo necessário para eu me reciclar, descansar a minha imagem. Venho de Amor à Vida, um trabalho importante e muito denso. Nesse período, fiz o filme Qualquer Gato Vira-Lata 2 (2015) e a peça Chuva Constante, que ficou em cartaz por mais de um ano. O palco traz uma bagagem muito forte para o ator. Eu sempre me sinto muito mais seguro depois que faço um espetáculo.
Muito! Eu estava precisando interpretar um personagem solar, pra cima, por isso que estou me divertindo tanto durante as gravações. A honestidade do Apolo é cativante.
Jamais permitiria. A paternidade é algo maravilhoso e gosto de ser um pai presente. Adoro o meu trabalho, mas, nos dias de gravação, só fico pensando em voltar para a casa. Sou louco por elas.
Acho que não. A Sofia tem só 6 anos e adora ver filmes infantis. Ela é muito ativa: vai ao parque, ama passear. Já a Ayra, que tem pouco mais de 1 ano, ainda está na fase de assistir o desenho da Galinha Pintadinha (risos). Acredito que tudo tem o seu tempo.
O grande lance da vida é você tentar encontrar, em cada fase, o que te pode fazer feliz. A da infância é você brincar o máximo possível. Claro, estudar também. Na fase da adolescência, você tem que começar a se arriscar na vida, a buscar o seu caminho, sem limites, dentro de um padrão de segurança. E a adulta é a da maturidade. O ser humano só se satisfaz quando ele pode contribuir com alguma coisa para o mundo. Senão ele não vira nada, fica uma peça fora do quebra-cabeça da vida.