Com essa maneira divertidam, o ator caiu nas graças do público
“Bandido famoso, bruto, inescrupuloso e violento. Ex-garimpeiro, desbravador e bandoleiro, usa uma luva preta na mão esquerda. Nos idos de 1760, desbravou os Sertões do Macacu. É um mercenário mentiroso, que não acredita em nada”. Assim é descrito Mão de Luva, papel de Marco Ricca em Liberdade, Liberdade. Mas seu intérprete tem outra definição para o bandido. Muito mais bem humorada, por sinal: “Ele é meio do mal, mas é bonitinho (risos)”, diverte-se o ator, falando com aquele sotaque mineiro impecável, que o ajudou a se tranformar em um dos grandes destaques da trama das 11 da Globo.
Desde o acessório que dá nome ao personagem, já que ele passou por uma amputação da mão esquerda, e a peruca que, certamente, foi saqueada de algum nobre, tudo em Mão de Luva cheira ao falso. Apenas a barba realmente é do paulista, de 53 anos. “Comecei a cultivá- -la em dezembro de 2015, bem antes de a novela estrear. É um personagem em que cabe tudo”, revela Marco, realizado com a repercussão que o atrapalhado saqueador tem conseguido entre o público e a críticas.
Talento de sobra
O fato é que Mão de Luva tem o pé na comédia. É fanfarrão, adora uma festa e ao mesmo tempo é corajoso e não tem medo de ninguém. Mesmo com o estilo duvidoso de se trajar, ele tem um quê de sedutor. Até mesmo no velório de Raposo (Dalton Vigh), o safado paquerou Dionísia (Maitê Proença), seu novo objeto de desejo.
Mas Marco aponta mais qualidades na trama de Mario Teixeira, além do tom bem humorado de seu personagem. “Ela fala de uma história importante e atemporal. Faz reflexões positivas ao falar de política num momento ácido, fervoroso, tão à flor da pele como o que estamos vivendo. Isso é legal, a gente está discutindo sobre Justiça, sobre liberdade. Uma série de temas que estão aí permeando até hoje na sociedade”, analisa.
Viva os inconfidentes
Segundo o ator, é vital valorizar nossos heróis. “Os inconfidentes foram muito importantes para o Brasil. O que Tiradentes viveu naquela época, tem muito a ver com o que passamos hoje. Veja o Mão de Luva. É um súdito que se diz fiel à coroa, mas vive roubando. Afinal, é um bandido”, conta. Por falar em bandido, o verdadeiro Mão de Luva, chamava-se Manuel Henriques. Ele ganhou esse apelido por usar uma luva de couro no lugar da mão, decepada numa luta. Conta a história que ele comandava um bando de quase 200 salteadores e se escondia no mato. Marco Ricca adorou gravar a novela no cenário real onde o personagem viveu: “Iniciamos as gravações em Diamantina (MG). Fiquei lá uns 20 dias. Quando viemos para o Rio, pouca coisa mudou, porque só gravava no meio do mato, cenas noturnas, com esse figurino, que transformava o local numa sauna natural!”