O ator emendou vários trabalhos desde o fim de Babilônia (2015) e, agora, brilhando como o Cícero, de Velho Chico, ele diz que gosta de viver assim: “Sou acostumado à labuta!”
Cícero é rústico, age como um fiel cão de guarda do coronel Afrânio (Antonio Fagundes) e tem obessão pela patroinha, Maria Tereza (Camila Pitanga). “Ele é um cara com muito pouca estabilidade e inteligência emocional. É mais ligado aos cavalos do que às pessoas. E é extremamente apaixonado, capaz de fazer qualquer coisa por esse amor incondicional pela Tereza. A qualquer momento, o Cícero vai agarrar ela (risos). Ele me exige trabalhar mais o silêncio, a observação e tem sangue nos olhos”, disserta Marcos Palmeira, de 52 anos, sobre seu personagem em Velho Chico.
Além de se dedicar ao Cícero, você também dublou o Baloo na animação Mogli, O Menino Lobo. Aliás, você canta no desenho…
Ali é um urso que canta (risos). Sou operário, acostumado à labuta. Trabalho para mim é igual a exercício: quanto mais você faz, mais disposição tem. Depois de Babilônia (2015), gravei três episódios da série E Aí Comeu, do Multishow. Curti muito ter feito Babilônia. Apesar de a novela ter tido vários problemas, para nós do elenco foi tudo muito prazeroso. Meu personagem era uma figura! A essa altura, o prefeito Aderbal já estaria sendo chamado de forma coercitiva para depor em Brasília (risos).
Você sempre foi muito ligado às questões ecológicas. Essa temática, que também está presente em Velho Chico contribuiu para você participar da novela?
A trama tem essa questão social porque estamos falando do rio São Francisco, o Velho Chico. Ele está precisando de muitos aminoácidos para se rejuvenescer. E alertar as pessoas de que está acontecendo um problema sério ali. Mas a novela é mais complexa que isso. Tem romance e uma coisa lúdica como pano de fundo.
Deve ser complicado pegar um personagem que, na fase anterior, teve outro intérprete…
Espero estar construindo o Cícero tão belamente quanto o Pablo Morais fez na segunda fase. Tento dar uma continuidade. Se não estragar o que ele fez, já estou no lucro. Peguei esse bonde andando, mas achei muito legal.
Cícero está num quadrilátero amoroso com o Santo (Domingos Montagner), o Carlos Alberto (Marcelo Serrado) e a Tereza. Vem encrenca boa por aí?
Muita briga por amor. O foco do Cícero é a paixão. Vai lutar pela Maria Tereza e será interessante. Ele vai agarrá-la a qualquer momento (risos).
Você curte o visual do Cícero?
Eu gosto, mas não estou me observando. Já me adaptei até com as lentes de contato cor de mel, que é a cor natural dos olhos do Pablo. Há quem diga que o Cícero está bonito. Agradeço e digo que são os olhos de quem acha isso.
Sendo filha de um ator e de uma diretora (Amora Mautner), como a Júlia lida com o universo do trabalho de vocês?
A minha filha não se liga nisso. Não fica valorizando tudo o que eu faço como ator não.
Certa vez a Amora disse que, felizmente, ela não é mãe de uma atriz-mirim…
É. A Júlia gosta de esportes.
E a vida pessoal como vai?
Ela não para. É o armazém no Leblon, a fazenda em Teresópolis… É no sentido de saúde de que você quer saber (risos)? Bato bola, faço pilates, jogo tênis, ando de bicicleta. Estou sempre na ativa.
O lado de comerciante e produtor orgânico vai de vento em popa?
O Armazém fez três anos agora. E a Vale do Palmeira, está completando 19 anos. Gostaria de ter mais tempo para me dedicar à fazenda. Mas todo dia me comunico com a galera que toca o negócio direto. Estou ficando mais profissional, aprendendo questões de gestão, de investimento, de trabalho. Tudo é um aprendizado. É um trabalho paralelo muito diferente do meu de ator. Lá, você pisa no chão, na terra, trabalhando com produtos sustentáveis. É tudo muito interessante.