A atriz lembra momentos difíceis de sua vida e afirma que a sua libido continua intacta aos 68 anos
A voz doce e o sorriso
sincero de Nívea Maria nem de longe lembram o mau humor da amarga Zilda, de
Além do Tempo. “Somos muito diferentes mesmo”, diverte-se a atriz, de 68 anos,
51 deles dedicados à sua vitoriosa carreira. Mas engana-se quem pensa que tudo
na vida da paulista tenha sido um “mar de rosas”. Ela ainda carrega cicatrizes
pelo fim de seu casamento de quase 30 anos com o diretor Herval Rossano (eles
se divorciaram em 2003), morto em 2007. E Nívea credita o insucesso de sua vida
amorosa ao episódio. “Foi difícil! Não esperava que meu casamento fosse acabar.
Até hoje não consegui refazer a minha vida em termos de casal”, lamenta.
Prestes a virar uma “setentona”, como ela mesma frisa, Nívea brinca com o
passar do tempo. “O chip da cabeça está novinho, brilhando, mas o corpo está
realmente enferrujado, não tem jeito”, gargalha a veterana.
Zilda é muito amarga. Está sempre mau
humorada. Alguma tática para não ser contaminada?
É curioso, mas sabe que em
todos os personagens que eu fiz, que também eram assim, por exemplo, a Dona
Maria Gonçalves de Casa das Sete Mulheres (2003), e é exatamente quando a minha
vida pessoal fica mais leve? É quando eu sorrio mais e olho com mais esperança
as coisas.
E por que isso acontece?
Não é intencional. Minha
profissão é instável e estes personagens são muito ricos. Me sinto bastante
lisonjeada por ter autores e diretores confiando em mim. E este trabalho em
Além do Tempo, com toda a certeza, veio coroar os meus 51 anos de carreira.
Uma história de sucesso!
Graças a Deus. Mas não vou
dizer que não passei por crises, eu seria uma louca! Passei por momentos
difíceis aos 50 anos e, por a minha vida pessoal ter passado por turbulências,
abalaram o profissional.
Quais foram estes momentos?
O casamento terminando e
problemas com meu filho (Edson, fruto do casamento anterior com o ator Edson
França, que foi diagnosticado com fobia social e teve problemas com drogas).
Por ser uma pessoa pública, precisei administrar mal-entendidos com o fim do
casamento e problemas com filhos para não chegar à mídia de forma
sensacionalista. Sou um ser humano, uma mulher que também tem dificuldades.
Como lida com o passar do
tempo?
Pois é, estou com 68 anos,
ficando setentona (risos).Tenho uma fonte da juventude que são os meus netos
João Luiz, 9 (da filha Viviane), e João Pedro, 7, e Maria Luíza, 4, (da caçula
Vanessa). Eles resgataram minha vitalidade e alegria. Foram fundamentais para
frear qualquer crise de idade, não digo relacionada à beleza, isso nunca
tive.
Esteticamente, ser quase uma
“setentona” não é problema…
O problema é que o chip da
cabeça está novinho, brilhando, mas o corpo está enferrujado, não tem jeito.
Mas esta coisa da beleza, idade e envelhecimento, nunca me cobrei e nunca fui
cobrada.
Acredita que tenha vivido
seus 68 anos como desejava?
Fiz o que todo mundo fez.
Tive meus casamentos e filhos. Namorados que ninguém soube. Fui amada e amei.
Hoje estou muito bem sozinha. Continuo com a chama que as pessoas acham que a
gente deixa de ter, a libido está aqui e o sangue ferve ainda.