O ator usou sua própria experiência para viver o Saulo na minissérie que conta os bastidores da TV e na qual atua com a amada, Débora Falabella
Em Nada Será Como Antes, Saulo é um vendedor de aparelhos de rádio que consegue alcançar o posto de empresário, ao acreditar no declínio da mídia com a chegada da televisão. Na série, são mostrados os bastidores dos primórdios da TV, e como os atores e a equipe técnica produziam uma novela ao vivo, com situações hilárias e desesperadoras. Murilo Benício, que interpreta o visionário Saulo, buscou inspirações em muitas personalidades da época, como Assis Chateaubriand, responsável pela chegada da televisão no Brasil. “Li bastante sobre aquela época e sobre as pessoas que construiram a televisão. Tive referências de figuras como Assis Chateaubriand, Walther Clark e Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho). Eu também usei minha experiência pessoal, é claro, e tivemos ótimos encontros com Guel Arraes (autor). Ele nos contou muitas histórias que aconteciam com ele, que virou cena da série”, afirma.
Preto e branco
Murilo nasceu muito depois da consolidação do veículo no país, mas ele lembra da época da TV ainda sem cores e diz que não imagina um mundo sem ela. “É a o que eu lembro mais distante da minha infância. Não vejo o planeta sem TV, assim como os jovens de hoje não devem imaginar a vida sem internet”, conta o ator de 44 anos, que ouvia muitas histórias sobre primórdios da TV com profissionais que viveram o período: “Osmar Prado, que também está na série, vivenciou aquilo. Era uma referência que estava ali no dia a dia. Quando trabalhei com o Lima Duarte (em Fera Ferida/1993), ele me contou muito sobre a história da TV ao vivo. Então, saber como era a atmosfera, era algo que já fazia parte do meu universo”.
Amor em cena
Apesar de todo o resgate histórico e as cenas cômicas dos bastidores da TV, a série também narra uma linda história de amor. Saulo se apaixona pela voz de Verônica (Débora Falabella), ainda quando era vendedor, e se casa com ela. Mas a relação estremece quando Saulo descobre que não pode ser pai e resolve se separar de Verônica, que sonha em ser mãe. Murilo não esconde a satisfação de ter contracenado de novo com Débora, com quem namora há quatro anos. “No começo a gente morreu de medo porque pensamos que um ia ficar acanhado com o outro, mas foi maravilhoso. A gente passou noites e noites ensaiando e estudando para ver a melhor forma de fazer a cena. E um dando palpite para o outro. Foi espetacular trabalhar com a Débora”, elogia. Mas Murilo deixa claro que a escolha do casal principal não foi proposital. “Foi pura sorte! A Débora foi convidada muito antes de mim. Quem estava escalado para fazer o Saulo era o Vladimir Brichta, que foi deslocado para participar de outro trabalho”, esclarece o ator.
Fenômeno internacional
Apesar de já terem dividido a cena como pai e filha, em Clone (2001), foi durante as gravações de Avenida Brasil (2012) que Murilo e Débora se entregaram à paixão. O niteroiense lembra com carinho da trama e confessa que até hoje é parado nas ruas por conta dela. “Todo mundo comenta. Não apenas o público hispânico, mas o mundo todo. Depois de O Clone, foi a vez que fui mais parado na rua fora do Brasil. Avenida Brasil foi um acontecimento. Foram novelas que ultrapassaram o sucesso e viraram fenômeno. Uma coisa que não dá pra explicar”, revela Murilo que estava há quase dois anos fora da tela.
Carinho do público
Para não deixar o público esperando por um próximo trabalho, o ator já avisa: “Estou escalado para a próxima novela das 11 (Jogo da Memória, de Licia Manzo). Será uma produção menor, de uns 80 capítulos!”.