A estrela de O Outro Lado do Paraíso revela que a atual fase lhe trouxe várias coisas boas… Falta só uma grande paixão!
Recentemente, ao chegar aos Estúdios Globo, no Rio, para gravar suas primeiras cenas na trama das 9, Narjara Turetta sentiu estar no lugar em que mais queria estar. Afinal, foi diante das câmeras que o Brasil viu ela crescer e se desenvolver como grande atriz. São 51 anos, muito bem vividos, e 46 de carreira, colecionando personagens memoráveis, como a Elisa de Malu Mulher (1979), e a Rafaela de Salvador da Pátria (1989), entre outros. “Sou privilegiada, as pessoas gostam muito de mim. Me abordam na rua, no transporte público… Me chamam pelo nome e sobrenome. É para poucos”, diz, deliciando-se e aos risos.
Narjara volta às produções globais após quatro anos. Seu mais recente trabalho havia sido em Salve Jorge (2012). E a volta ela diz que não poderia ser em melhor hora, já que o tema central de O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, é algo que ela conhece bem. “Acredito muito na lei do retorno, é algo bíblico”, comenta ela, que, há alguns anos, por conta de dificuldades financeiras, e pela ausência de trabalhos na telinha, passou a vender água de coco nas ruas do Rio. “A gente tem de saber dar a volta por cima”, analisa.
Hoje, felicidade maior, para Narjara, é poder voltar ao horário nobre também na companhia de dois velhos amigos. Um deles é o diretor artístico Mauro Mendonça Filho, um ano mais velho. Eles se conheceram ainda pequenos, quando a estrela Rosamaria Murtinho, mãe de Maurinho, convidou Narjara e a mãe dela, Maria Antônia, hoje com 81 anos, para passar o Dia dos Pais com eles. Na época, o pai de Narjara havia acabado de se despedir da vida.
“Passamos a tarde jogando pingue-pongue, brincando, foi um domingo muito agradável. Lembramos disso quando o Maurinho me chamou para conversar sobre a novela.”
A outra amiga de uma vida toda é sua “irmã”, Gloria Pires. As duas têm contracenado bastante e seguirão assim, já que Duda, vivida por Gloria, compra o bordel em que Zildete, papel de Narjara, trabalha como cozinheira. “Preciso segurar o riso, sempre, porque a gente se diverte muito juntas, somos duas palhaças! É difícil olhar para ela e não ver a Gloria, e sim a Duda, uma pessoa completamente desconhecida”, declara a artista, entre outras revelações neste delicioso bate-papo!
TITITI – Como foi voltar às novelas após quatro anos?
Narjara Turetta – Incrível! Outro dia, gravando na cidade cenográfica, me peguei pensando: aqui é o lugar onde eu mais queria estar. É tão gostoso… Um momento único e gratificante.
O tema central da trama, a lei do retorno, tem tudo a ver com sua vida, não é?
E como! Já vi muita coisa nesta vida e, com certeza, sei que aqui se faz, aqui se paga. A gente tem de tomar cuidado com os nossos atos, com o que pensamos, falamos, como tratamos as pessoas… Não pise em nenhuma pessoa quando estiver subindo, porque você pode encontrá-la quando estiver descendo. É a mais pura verdade. Não deseje mal, que sobra para você (risos)!
Crê que deu a volta por cima?
Sim e digo mais: as coisas demoradas são as que conquistamos com mais carinho e às quais damos mais valor. Sempre orei, rezei e pedi muito a Deus, mas também fiz a minha parte. Nunca tive vergonha de pedir emprego, de me oferecer para fazer novela.
Você enfrentou e superou muitas dificuldades, não?
Sim, e foi um tempo muito enriquecedor, porque pude me conhecer mais, ver onde errei e acertei, conhecer os amigos com quem posso contar. Ah, isso não tem preço! Aprendi que a vida é sempre um recomeço. Que bom que a gente pode acordar e recomeçar todos os dias.
Pensou alguma vez em abandonar a carreira de vez?
Não vou dizer que não, porque tive os meus momentos. Sou muito aventureira e pensei que, no dia em que minha mãe não estivesse mais aqui, colocaria uma mochila e partiria pelo mundo. Adoro conhecer pessoas, lugares diferentes… Adoro Londres e por que não passar um tempo lá, atendendo em um pub, exercitando meu inglês? É sempre bom pensar em algo mais.
Guarda rancor das pessoas que não lhe estenderam a mão quando precisou?
Não. Já passou! Claro, tem uma época, sim, que você fica meio rancorosa, mas é aquela história de tomar um copo de veneno e querer que a outra pessoa morra. Deixa nas mãos de Deus! Não guarde mágoa, nem rogue praga. Já vi a vida dar tanta volta, vi pessoas que me desprezaram na mesma situação… Mas nunca me diverti com a desgraça do outro.
Por outro lado, disse que descobriu os verdadeiros amigos…
Descobri pessoas incríveis, sim! Sou muito grata a Gloria Pires, por exemplo. A Regina Duarte, a quem amo muito, e tantos outros atores, como Ana Beatriz Nogueira…
Por que nunca se casou?
Até já tive o sonho de entrar na igreja, mas fui vendo ao longo do tempo que o negócio é bem diferente (risos). Não foi por falta de pretendente, foram os pretendentes errados (gargalhadas). Cheguei a ficar noiva, de aliança no dedo e tudo, aos 22 anos. Mas não rolou. Fui uma mulher de poucos amores na vida.
Seu coração está fechado para balanço?
Realmente eu me fechei, mas agora estou em outra vibe. Estou tão feliz comigo que não sei, de repente o coração está batendo mais rápido… quem sabe não pinta aí um relacionamento duradouro com um cara bem companheiro e não termine os dias sozinha?! É uma ideia que vem povoando minha cabeça (risos). Mas tem de ser um cara íntegro, legal e para valer… não quero saber de passatempo, não tenho mais idade para isso.
Mas está incrível aos 50…
São 51, completados em 19 de novembro. E 46 de carreira, viu (risos)? Não me sinto com essa idade, sempre tive cabeça de criança, embora seja muito responsável, tentando levar a vida na flauta, para não pesar muito. Já tive os meus momentos pesados, mas agora estou bastante feliz, em paz comigo mesma, com as pessoas e com o mundo.
Essa felicidade tem a ver com estar em dia com seu corpo?
Emagreci 10 kg e estou muito satisfeita com a minha silhueta. Fiz acompanhamento ortomolecular, controlei todos os meus hormônios… Isso faz uma diferença grande, melhora o humor, a pele. Claro, a alimentação sempre foi boa, mas com a idade o metabolismo fica lento… só que coloquei na cabeça: não queria fazer essa novela gordinha, e consegui. Ainda quero perder mais um pouquinho porque a televisão aumenta a gente.
Nunca quis ter filhos?
Como tive uma família abençoada, sempre quis isso para mim. Então, como não encontrei até agora (o cara ideal), filhos para quê? Até me perguntam quem vai cuidar de mim na velhice, mas quem garante que iam ter o mesmo zelo e cuidado que tenho hoje pela minha mãe? Talvez agora, me amando muito? Os olhinhos estão à procura de um futuro com marido, casa, cachorro e filhos, sim, senhor (risos).
É uma mulher de fé?
Sou católica, costumo ir à missa aos domingos. Ele e eu temos uma relação muito íntima, de amizade mesmo. Converso e também brigo muito com Ele (risos). Me acolhe saber que, mesmo não precisando de mim, faz questão do meu amor. Já tive muitas experiências bacanas com a fé.
Sua mãe segue ao seu lado?
Hoje, quando não estou gravando, me dedico a ela: a gente bate papo, dou banho, faço
comidinha… como ela fazia por mim quando eu era criança. Consegui uma pessoa que cuida dela por mim quando estou gravando. Mas ela sente minha falta, pergunta por mim. Quando soube que ia fazer novela, a cabeça dela estava um pouco melhor, e ela curtiu muito! Uma pena ver alguém tão amado se perder na sua frente…
O que não faria por dinheiro nenhum no mundo?
Não me arrependo de não ter posado nua, por exemplo. Me fizeram uma oferta quando tinha 15 anos. O dinheiro não era bom e, graças a Deus, não deu certo. Me ver estampada numa revista assim não faz meu gênero. Acho bacana, bonito, mas não faria.