A atriz ainda revela que está curtido dialogar com os fãs na internet: “As pessoas têm conversado mais. Isso tem me feito muito bem.”
Uma mulher à beira de um ataque de nervos”. É assim que Nathália Dill define Branca, sua personagem em Liberdade, Liberdade. A vilã é a pedra no sapato de Joaquina/ Rosa (Andreia Horta) na luta pelo amor de Xavier (Bruno Ferrari). Quem vê a megera até pensa que Branca é bela, recatada e do lar, mas foi capaz de perder a virgindade para prender o noivo. Não é a primeira vez que a atriz, de 30 anos, vive uma antagonista. A carioca fez sua estreia em papel fixo na TV como a terrível Débora, em Malhação (2008). Além disso, a Sílvia, de Joia Rara (2013), foi a segunda vilã da jovem. Longe de ser parecida com as víboras que já interpretou em cena, Nathália aposta no amor para sustentar a relação com Sergio Guizé, com quem namora há mais de um ano.
Como é fazer uma vilã de novo?
Estou me divertindo demais. Dá para criar muita coisa, até fora da gravação. Branca representa a alienação da elite brasileira, que não pensa nos valores de liberdade. É um contraponto da novela. Mesmo sendo mulher, não tendo direitos e sendo um joguete em prol da economia da família, quer se dar bem. O legal é que ela tem um lado cômico.
Gosta de humor?
Eu adoro. É uma forma do público se aproximar do personagem. Branca já é chata, mimada, retrógrada, perversa… o cômico dá uma azeitada a todos esses petiscos. Como a visão dela é oposta ao que a gente pensa hoje em dia, ela está tão certa do que pensa que ela não se acha errada.
Quais os truques de caracterização que você mais gosta?
Eu acho legal o efeito queimado de sol que o blush especial faz. Não estou fazendo as unhas e dei uma engrossada na sobrancelha. Tem a macha no dente que a gente sempre vai embora pra casa com ele (risos). Efeito de cinema internacional. Tudo dialoga com essa realidade da época. Para o cabelo, tenho que ficar retocando a raiz toda a semana e uso uma meia peruca. O figurino é maravilhoso. Na época, a roupa não era tão rebuscada, não tinha tanta técnica. A Branca tem mais cor. Como é rica, consegue se sobressair.
É motivador falar sobre a história do Brasil numa novela?
Muito. É importante falar desse momento histórico do Brasil. A gente tem que sempre lembrar do nosso passado. A novela vem a calhar. Então fico orgulhosa por representar a época da Inconfidência Mineira. Ainda mais hoje em dia, que estamos lutando pela liberdade.
Podemos considerar a Branca bela, recatada e do lar?
Essa coisa da bela recatada e do lar é genial. A gente vive um passado presente. Tudo que vivemos agora é um resquício que vivemos no passado. A sociedade é instaurada a partir do que a gente fez e não tivemos muitos incentivos para que tudo fosse transformado. É bom olhar para o que aconteceu para a gente refletir. A expressão bela, recatada e do lar é exatamente como a Branca aparenta ser, é o que todo mundo espera que ela seja. No fundo, não é possível. Ninguém é bela, recatada e do lar, isso não existe. É uma montagem masculina. Branca critica o feminismo e defende o machismo.
Como é o retorno do público?
Sinto muita repercussão pela internet. Ali é como um termômetro. Na rua, é menos, mesmo porque saio pouco. Mas na internet é imediato. Antes de terminar o capítulo, as pessoas já postam suas opiniões. Não olhava muito, mas agora estou atenta. É uma medida exata, porque a pessoa está querendo participar. O público tem gostando muito.
Mas dá para confiar na internet?
As coisas de um tempo pra cá estão mudando. Sobretudo com a internet. As pessoas têm conversado mais, refletindo mais. Isso tem me feito muito bem, conversar com pessoas de outras realidades distantes da minha.