A atriz ainda lamenta que essa atividade ainda não seja reconhecida como profissão
Assim como numa coreografia sensual de pole dance, Desirée deixou Juvenal (Anderson Di Rizzi) caidinho por ela, em O Outro Lado do Paraíso. E o chumbo foi trocado: a prostituta está cada dia mais próxima do lapidador, capaz até de ficar noiva do rapaz. Para Priscila Assum, a intérprete da garota de programa, a paixão veio das duas partes, pela diferença que um achou no outro. “Desirée tirou o Juvenal da estrutura de vida dele, deu uma bagunçada no rapaz. Do jeito espontâneo, divertido, maluquinho, despertou a atenção dele. Mesmo se aproximando para tirar vantagem inicialmente, Desirée se apaixonou, porque nunca foi tratada como ele a cuida”, afirma a atriz, que enaltece a parceria de cena com Anderson e Laura Cardoso, a Caetana. “Fico mais tempo com as pessoas da novela do que com a galera lá de casa. Acaba que a gente faz muita amizade. A dona Laura é uma atriz incrível. Me identifico muito. Ela vê minhas cenas, comenta, conversa, sempre me instigando, me provocando. É uma amiga que eu fiz. Ter dona Laura como conselheira é um presente que ganhei”, conta.
Na trama das 9, Desirée e Juvenal se entregaram à paixão e até já marcaram a data do polêmico casamento Foto: Divulgação/ Rede Globo
Dança sensual
E o mundo da prostituição não é novidade na vida de Priscila. Ela já havia feito laboratório para viver duas personagens com a mesma profissão de Desirée, no filme Domingo de Páscoa (2008) e na série Copa Hotel (2013), da GNT. A sagitariana foi até às avenidas Atlântica e Prado Junior, em Copacabana, Rio, e conheceu as prostitutas da região. Mas, para a trama das 9, Priscila se jogou nas aulas de pole dance. “Nunca tinha subido num negócio daquele (na barra de pole dance), fiquei toda roxa. Hoje não me arrisco, só se for pra cair de cabeça (risos). Eu tenho facilidade para dança, mas esse tipo de atividade é difícil porque exige muito equilíbrio”, afirma. A carioca se orgulha por dar voz a uma atividade que ainda não é reconhecida como profissão. “O bordel é a parte divertida, numa novela densa. Foquei na parte cômica da personagem. Estou sempre buscando papéis que me instiguem e me tirem do meu ponto de vista. Eu acredito que o Juvenal, que é um cara muito bacana, vai conseguir transpor a barreira de preconceito que existe em relação a essa profissão, que, infelizmente, ainda não é reconhecida”, analisa.
Com o herdeiro, Antônio, de seu casamento com Fábio Strazzer, filho do saudoso Carlos Augusto Strazzer (1946/93). A atriz não esconde ser uma mãe babona. Foto: Reprodução/ Instagram
Mamãe coruja
Na arte da conquista, a timidez também não tem vez na vida da atriz. “Tive uma criação igual a do meu irmão, meus pais nunca fizeram distinção, de uma maneira muito independente. Isso me ajudou a ser mais bem resolvida”, assume a atriz, que é casada há dez anos com o diretor Fábio Strazzer e, juntos, tiveram o pequeno Antônio, de quase seis aninhos. Como a novela debate temas polêmicos e fortes, Priscila prefere que seu herdeiro assista programas para o público infantil. Depois que o filho nasceu, um novo universo se abriu para a mamãe coruja. “Fiquei com vontade de fazer produções para crianças, porque ele não pode ver novela pela sua idade. Já consegui participar da série Detetives do Prédio Azul (2013) e, no ano passado, fiz uma peça de teatro para crianças, o Filhote de Cruz-Credo”, conta Priscila, que trabalha no ofício de atriz desde os 12 anos.
Em cena de O Mecanismo, ao lado de Caio Junqueira. A série está disponível na Netflix e tem oito episódios. Foto: Divulgação
O poder do sim
Segundo a carioca, sua profissão tem muitas batalhas diárias. “Sempre busquei a maioria dos meus trabalhos. Eu conquistei meu personagens através de testes. É uma batalha, mas uma luta prazerosa. Os nãos foram muitos importantes, porque me ajudaram a melhorar e a aprender. Mas foram os sins que me levaram aonde estou, porque foram das pessoas que me deram oportunidade, que me ensinaram”, relata a atriz, que, nas horas vagas, é devoradora de séries. Inclusive, Priscila também está no ar em O Mecanismo, produção recém-lançada pela Netflix. Na série, ela interpreta Shayenne, uma mãe rica dedicada à sua família e que se vê obrigada a olhar o status que usufrui sob outro ponto de vista. Numa trama em que o tema principal é a corrupção, Priscila não acredita que o dinheiro traz felicidade. “A grana é importante, mas o primordial mesmo é a gente ter paz de espírito. Sempre questiono meus atos pra que eu evolua como ser humano”, ensina.