O ator afirma que está fazendo de tudo para que o Cesar, de Sol Nascente, seja odiado pelo público. Mas acredita que muita gente acabe se identificando com ele
Grande vilão de Sol Nascente, Cesar não mede esforços para alcançar seus escusos objetivos. O cafajeste usa Alice (Giovanna Antonelli) para tomar a empresa de pescados e a fortuna da família Tanaka. Para viver o mau-caráter, Rafael Cardoso se debruçou em estudos sobre psicopatia para dar credibilidade ao Cesar e não fazer um vilão maniqueísta. “Considero o Cesar um psicopata nível médio. Ele é capaz de qualquer coisa para se dar bem, inclusive, matar alguém”, afirma o gaúcho, de 30 anos, que volta a fazer um vilão após os boas praças Vicente, de Império (2014), e Conde Felipe, de Além do Tempo (2015).
Depois de dois heróis, como está a experiência de viver um vilão?
Eu desejei muito fazer um vilão em meu atual momento. Estava quase numa zona de conforto só fazendo mocinhos em meus últimos trabalhos. Foi uma motivação muito grande interpretar agora um personagem tão diferente. Mesmo se fosse outro herói ia buscar diferenças para compor. Cada personagem vem como uma nova chance, não como um problema.
Esse personagem traz uma carga pesada por ser um vilão?
Faço exercícios contínuos para me livrar do personagem. Quando termino a cena, vou me “limpando” até chegar no estacionamento. Esse momento é a hora que tenho para me despir do personagem até chegar em casa. Não carrego nada dele para meu lar. Nem eu nem minha família merecem isso, senão a gente enlouquece. Acabou a cena, eu saio do personagem.
O público tem gostado do Cesar?
O Cesar tem carisma. Ele é um bon vivant e muito mau- -caráter. Apesar disso, acredito que já tenha pessoas se identificando com ele. Estou fazendo de tudo para ele ser odiado nas ruas. Mas não tenho medo de apanhar (risos). Hoje, o público consegue separar o personagem do ator.
É possível justificar as vilanias que o Cesar comete?
Sim. O Cesar é um camaleão. Ele tem a capacidade de conversar e ser seu amigo e, quando você der as costas, ele pode te esfaquear. Essa possibilidade de o Cesar ser várias pessoas em uma só é fascinante. Ele vem de uma história de vida muito complicada, que será contada mais pra frente. Se ele fosse uma pessoa com cabeça no lugar, pensaria antes de fazer suas maldades. Ele só quer se dá bem. É um apaixonado por ele mesmo, um verdadeiro narcisista. Não conheceu o amor em lugar nenhum, então, não sabe como é isso. Ninguém pode dar aquilo que desconhece.
Como foi sua pesquisa para compor o personagem?
Li muito sobre psicopatia e vi vídeos com estudos sobre os piores psicopatas do mundo. Considero o Cesar como um psicopata nível médio. Ele é capaz de qualquer coisa para se dar bem. Conversei, inclusive, com o Bruno (Gagliasso), que já viveu um psicopata na TV (na série Dupla Identidade/ 2014). Apesar de não chegar ao nível de um serial killer, acredito que Cesar seria capaz até de matar.
Você já se sente um especialista em tramas das 6 da Globo?
É um público diferenciado que já estou acostumado. Procuro sempre cativar quem me assiste, independente do horário. O que muda são as “limitações” do que vamos fazer nas cenas. Busco outros recursos para driblar esses controles do horário.
Quando começou você sonhava quer iria obter tanto sucesso?
Eu sonhava com isso sim. Sempre acreditei que, se eu plantar as melhores sementes, vou colher os bons frutos. As coisas foram acontecendo… Cada um tem o seu caminho e tentei construir o meu da melhor forma. Tenho muitas outras atividades profissionais no dia a dia, além da novela, e dou o tempo necessário para cada uma, não deixando nenhuma de lado.