A fome também nos leva a digerir conceitos e degustar pensamentos, mote do livro A Filosofia na Cozinha
Filha da terra que sabe como nenhum outro louvar o apetite, a italiana Francesca Rigotti, professora de comunicação institucional na Università della Svizzera Italiana, em Lugano, lembra que cozinhar e filosofar são atividades feitas da mesma massa. Na obra A Filosofia na Cozinha, ela visita o pensamento de grandes pensadores valendo-se de apetitosas metáforas gastronômicas. Saboreie, a seguir, alguns filetes desse suculento legado:
• Platão dizia que comida em excesso elaborada pela arte culinária equivale a palavras em excesso da retórica. Condenava, assim, a intemperança.
• Epicuro pregava a saciedade da fome como condição para que o sábio saboreasse a plenitude na conquistada paz do corpo, a única que poderia lhe conceder uma vida sem temores.
• Dante Alighieri defendia que o desejo de saber é como a fome: um impulso que coloca o homem em ação.
• Hegel entendia a verdade como uma alegria oferecida a todos os hóspedes do banquete divino de Dante.
• Kierkegaard acreditava que, a exemplo do vinho que se carrega de aroma e sabor quando a água evapora, os sentimentos da recordação, destilando-se, concentram-se e se tornam mais intensos. Portanto, inebriantes.
A FILOSOFIA NA COZINHA
Ideias & Letras, 131 págs., R$ 29,90