A atriz confessa ter medo de sempre fazer mocinhas e fala do desafio de interpretar uma personagem manca
Assim que sua vida cruzou com a de Felipe (Marcos Pitombo), no metrô, Shirlei teve seu destino transformado. Há anos a jovem sofria por uma paixão não correspondida por Adônis (José Loreto), mas, agora, vive uma linda história de amor com Felipe. Como uma cinderela moderna, ela enfrenta muitas barreiras para viver esse romance. Quem também vive à beira da emoção é Sabrina Petraglia, intérprete da Shirlei, que revela ser carinhosa, mas que de boba não tem nada. “Sou amorosa. Mas confundem o meu jeito como uma pessoa boba. Não sou assim”, afirma a paulistana, de 33 anos, que recria a personagem vivida por Karina Barum, em Torre de Babel (1998), que está em reprise no canal Viva.
Você se inspirou na Shirlei original, de Torre de Babel?
Minha personagem é um recorte da Shirlei, de Torre de Babel, que a Karina Barum fez brilhantemente. As personagens têm as mesmas características: são românticas e têm a deficiência na perna. Mas a história é outra. Não quis ver Torre de Babel, mas, antes de começar a gravar, pedi licença a Karina para fazer a minha Shirlei.
Está achando difícil interpretar uma jovem que manca?
Estudei cinco tipos de manco, o movimento do quadril e do joelho, durante quatro meses. Apresentei a primeira versão e o Fred (Mayrink, diretor artístico) pediu para ser menos teatral. Percebi que os movimentos de manco são bem sutis. Um trabalho físico, que deve ter uma consciência corporal para não se machucar. Shirlei é uma pessoa normal, o problema está no olhar, no julgamento dos outros.
Ela ainda fica chateada com o preconceito dos outros?
Ela fica, claro, mas se acostumou com a situação. Já sofreu tanto por causa da deficiência, que os olhares dos outros não têm mais o mesmo peso. Quando Shirlei se olha no espelho, não se vê como uma deficiente. Ela enxerga uma menina doce e cheia de vida. Ser manca é o de menos.
A opinião alheia tem peso? É importante para você?
Importa sim. Mas tenho uma consciência e um filtro muito grandes. Se eu recebo uma crítica construtiva, para melhorar, eu levo em consideração. O julgamento vazio eu dispenso, porque ele deve ter vindo de uma pessoa infeliz. Gente feliz não enche o saco. Gente de bem com a vida fala a verdade e faz críticas que constroem. Antes, me machucava muito com as opiniões negativas. Mas importante pra mim são os meus pais, (Eduardo e Sônia), meu namorado, (Ramon), meus amigos e companheiros de trabalho.
Como é ter virado, com o Marcos, o casal mais querido da novela?
Me sinto como se estivesse numa grande casa de bonecas. E sou a boneca da vez. Estou vivendo um sonho de criança.
Todas as grandes atrizes começaram como mocinhas. Como a Mariana Ximenes, que, depois de tantas heroínas incríveis, interpretou uma supervilã, a Clara, de Passione (2010). Espero chegar a esse patamar um dia.
Não tem medo de ficar rotulada por fazer tantas mocinhas?
Tenho medo sim. Tive uma criação muito leve, sou amorosa, trato bem as pessoas… Então acabam me colocando em papéis parecidos comigo. Sou assim, mas também tenho uma potência negativa. Na minha vida, eu escolho ser uma pessoa boa, mas eu meço essa negatividade e a coloco na hora certa. A Shirlei também parece ser frágil, mas, por dentro, ela tem uma força e uma garra gigantes. Estou aprendendo muito com ela.
Quando desperta a vilã em você?
Quando me desrespeitam. Aí se assustam comigo. Eu levo essa dualidade também para as minhas personagens.
Sua vida está na ponte aérea…
Sou apegada à minha família e vou sempre a São Paulo visitá- -los. Meu namorado mora no Chile, então, vivo na ponte aérea mesmo (risos).