Rainhas da sofrência e do sertanejo, elas revelam seus desejos, falam da infância pobre e do sucesso total
Divertidas, irreverentes e afinadíssimas, as irmãs Simone, 31 anos, e Simaria (Mendes), 33, são o novo fenômeno sertanejo. Porém, antes mesmo de explodirem nacionalmente, já eram conhecidas no Nordeste como rainhas da sofrência. Resumindo, sucesso total, sobretudo a partir de hits como Meu Violão e o Nosso Cachorro; Mentira Estampada na Cara; e Não Vou Mais Atrás de Você, entre muitos outros. A paixão dos fãs é tamanha que as estrelas fazem, em média, 25 shows por mês Brasil afora.
Nascidas em Uibaí, no interior da Bahia, Simone e Simaria ralaram muito para realizar o sonho de se tornarem cantoras. O pai delas, Antônio Mendes, já falecido, incentivou isso demais. Cheias de garra, as maninhas driblaram a pobreza e a inexperiência e trabalharam muito. A seguir, relatam a rica trajetória!
TITITI – As duas estão fazendo o maior sucesso… O que falta ainda conquistar?
Simone – Graças a Deus tivemos essa benção. Sonhamos muito para chegar até aqui.
Simaria – O público nos acolhe com carinho e reconhecimento. Porém, ainda falta muito a realizar. Não podemos parar. Queremos cantar muito mais.
Qual a história de vocês com a música?
Simone – Temos uma trajetória linda e sofremos para alcançar nossas conquistas… Por isso, mantemos os pés fincados no chão e continuamos humildes. Foi nosso pai, quem primeiro sonhou em ver a gente formar a dupla. Pena não poder assistir ao que está acontecendo. Ele morreu de infarto antes de ver tudo isso.
Como foi a infância?
Simaria – Lembro de muita coisa com saudade e tristeza. Tivemos uma infância pobre, de luta. Mas o sofrimento nos fez amadurecer. Também aprendemos a conquistar nosso espaço, com respeito e dignidade.
Simone – Sabe o filme 2 Filhos de Francisco (2005)? A versão pra gente seria 2 Filhas de Antônio. A Simaria devia ter 7 anos e eu uns 5, e o pai nos levava aos festivais de música. Quando ele morreu eu tinha uns 8 anos.
Viviam de que maneira?
Simone – Morávamos no Mato Grosso num barraco de lona e tábua. Meu irmão Caio, era bem pequeno. Lembro de minha mãe (Mara Mendes) lavando roupa pra fora a fim de juntar dinheiro para comprar mistura. Não ficamos sem comer, mas às vezes, abríamos o armário e só tinha farinha e açúcar.
Quando perceberam que era situação limite?
Simone – Tinha uns 11 anos quando nosso pai se foi e não tínhamos dinheiro para o velório. O caixão ficou em cima de dois banquinhos. Depois do enterro voltamos para Uibaí e passamos a morar com nossa avó. Minha mãe foi trabalhar em São Paulo a fim de manter os filhos. Até que um dia mandou buscar a gente
Com uma infância tão difícil, o que sonham para seus filhos?
Simaria – Trabalho para dar o melhor para a Giovanna, de 3 anos e o Pawel, de 6 meses. Viajo bastante, mas compenso quando chego. Meu objetivo é que sigam meu ensinamento, respeitando os outros e trabalhando com dignidade.
Simone – A gente fica com saudade deles, principalmente em datas especiais, mas estamos fazendo o melhor. Ver meu filho, Henry, de 1 anos e 7 meses, feliz é o que mais desejo nesse mundo. Espero que ele realize todos os seus sonhos.
Então sempre cantaram.
Simone – Pois, é, já na Bahia, às vezes, nós duas catávamos em festas de São João. Chegávamos a ganhar R$ 100 ou R$ 150 por apresentação. Mas quando minha mãe conseguiu nos levar para São Paulo, a Simaria começou a cantar num restaurante, o Recanto do Nordeste. Um dia o Frank Aguiar viu minha irmã cantando e a convidou para trabalhar no grupo que abria seus espetáculos. Após dois anos também entrei para o grupo depois de um concurso. Deu até pra comprar um apartamento pequeno pra gente.
E a dupla nasceu?
Simone – Sim! Saímos sem briga, tudo em paz com o Frank. Mas chegamos a passar o mês com R$ 200. Atrasou tudo, conta de luz, água, telefone, condomínio. Fomos imaturas.
Como saíram dessa?
Simone – Em 2007 resolvi ir atrás de um empresário conhecido no Nordeste, o Fernando Gusmão, que estava procurando uma cantora para a banda Forró do Miúdo. Quando cheguei um dos produtores nos conhecia e disse que uma não podia cantar sem a outra e chamou a Simaria. E foi um sucesso! Mas como o sonho do nosso pai era que cantássemos sertanejo, em 2012 montamos As Coleguinhas.
E por que o nome?
Simone – Por que minha mãe sempre tratou todo mundo como colega (risos).
Simone, verdade que Simaria toma conta dos negócios e não a deixa participar?
Participo de tudo, sim! E tenho um respeito imenso pela minha irmã, ela é poderosa.. Produz CD, DVD, compõe, enfim, é minha inspiração.
Sua irmã elogiou o jeito como conduz a dupla.
Simaria – Que bom. Adoro! Cuido do repertório, gosto de compor e de estar à frente de tudo. É uma escolha minha acompanhar bem de pertinho o trabalho de toda a nossa equipe.
O que representa a Simone em sua vida?
Simaria – Ela é linda, maravilhosa, gostosa e canta muito! Fora que é minha parceira de grandes batalhas. Nossa união nos dá força e não sei como seria sem ela.
Já deu pra ficarem ricas?
Simaria – Ainda precisamos trabalhar bastante (risos), mas estamos realizadas. Somos bem recebidas e admiradas por onde passamos.
Já conheceram Rodrigo Faro, Marcos Mion, Ivete Sangalo… Quem mais idealizam encontrar em termos de ídolos?
Simone – Deus tem sido tão bom com a gente!!! Posso dizer que nosso sonho agora é cantar com o Rei Roberto Carlos. Ele deve ser muito cheiroso (risos)!
Simaria – Quem não gostaria?
Simone – Mais tenho outro desejo: participar do Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão. Seria massa!
A Simaria conquistou o marido (Vicente Amorim), pela internet. Tem um toque especial para nossas leitoras?
Foi ele quem me conquistou. Mas vai aí minha dica: Se entreguem por amor verdadeiro, sempre, independentemente do jeito que se encontrem.
Simone você renovou seus votos com o Kaká Diniz em Las Vegas, nos EUA, no início do mês. Como foi?
Ah, bastante romântico. Tive uma micro férias e aproveitei para renovar os votos. Nossos guias de lá foram testemunhas, andei de limousine, e ainda ganhei um show de um cover de Elvis Presley (risos).
Como imagina a dupla daqui a uns 30 anos?
Simaria – Eu me imagino na Espanha, tendo uma vida tranquila com netos e filhos. Já a Simone quer estar muito bem, com a família, mas morando no Brasil!