A jornalista só tem a comemorar! Afinal, sua atração pela RedeTV! brinda uma década no ar com total apoio de seu público fiel
Na
adolescência, quando começava a sonhar com jornalismo, Sonia Abrão desejava
ser correspondente de guerra. Mas a carreira a transportou para uma
irremediável paixão: o noticiário de entretenimento. Após trabalhar em jornais,
revistas e rádios, a bela, que tem a reportagem nas veias, chegou à TV. E no
próximo dia 1/5, comemorará, junto de sua equipe, 10 anos do A Tarde É Sua,
um dos campeões de audiência da RedeTV!.
Aqui, a comunicadora lembra muito do que viveu e curtiu nesse tempo.
Período, aliás, que ganhou reconhecimento ainda maior e admiração do público
graças, sobretudo, às suas opiniões contundentes e que falam direto ao coração
popular. Doa a quem doer!
TITITI- O que esses 10 anos de A Tarde
É Sua representam para você?
Sonia
Abrão – É mais uma etapa da carreira.
Representa a maturidade de um trabalho, significa que o público gostou da
gente… Sim, porque 10 anos no ar com um programa diário seria fácil enjoar.
Mas não enjoaram, graças a Deus (risos)! É o significado de trabalho aprovado!
Quais serão as novidades nas comemorações?
A
maior delas é o cenário, porque a fórmula está dando supercerto, o bate-papo, a
cobertura do mundo artístico, a nossa Roda da Fofoca… Nunca emplacou
tanto quanto tem emplacado nos últimos cinco anos. E vamos continuar investindo
em mais interatividade, recursos técnicos, respostas das redes sociais.
E como tem sido a experiência de ser
dirigida por sua irmã, Margareth Abrão? E ter o Elias Abrão, seu irmão e
diretor por tantos anos, como superintendente artístico da RedeTV!?
Está
muito legal! A presença dela me ajudou demais, porque sem meu irmão perdi o
chão (risos). Então, pelo menos minha irmã está lá pra me dar a mão. Ela
tem umas sacadas bem legais, é o olhar feminino que estava faltando. Fiquei 10
anos sendo dirigida pelo Elias e isso mudou em dois dias. Estou muito feliz por
ele, mas dá saudade, sim!
Se tivesse que escolher um único programa
para ser reexibido como símbolo
dessa década, qual seria?
O
da vinda da imagem peregrina da Nossa Senhora de Fátima, que percorre o mundo
há dois anos. Ela era recém-chegada de Portugal e o primeiro programa que
visitou foi o nosso. Foi emocionante.
E os momentos mais difíceis?
Olha,
foram os programas dos crimes de repercussão nacional. Principalmente de uns
seis anos para cá, sabemos, aconteceu um atrás do outro. O caso do goleiro Bruno
foi uma loucura e a única atração em que a Eliza Samudio esteve foi a
nossa. Ela já estava grávida e esteve conosco para fazer denúncias contra
aquela turma. O acidente no Hopi Hari (SP, 2012) também marcou. Uma
adolescente de 14 anos caiu de um dos brinquedos do parque e foi nossa
reportagem quem mudou o rumo da investigação, pois o nosso repórter conseguiu
fotos com o pai dela tiradas antes de despencar. Mostramos em primeira mão e
ficou comprovado que a menina não estava na posição que a perícia achou que
estivesse. Mas todos os casos comoveram extremamente. Envolvidos de todos esses
crimes passavam pelo programa e tínhamos todo tipo de informação.
E hoje a “receita” mudou?
Essas
coberturas trouxeram uma repercussão grande para a gente pela competência. Mas,
ao mesmo tempo negativa, pois ninguém estava acostumado a ver
jornalismo policial às 15h. Por parte do público, a recepção foi muito boa, mas
é um tsunami de dor que nós carregávamos depois.
Sempre quis TV?
Não!
Sou bicho de redação, repórter, gosto de ir pra rua, chegar em cima da hora e
escrever meu texto quando está acabando o prazo. Essa adrenalina sempre me
movimentou. Quando trabalhava no jornal Notícias Populares, terminava de
escrever as matérias e ia ver o jornal rodando na gráfica, amava aquilo. Eu
nunca tive planos de ir para a TV, não gosto muito, principalmente pela parte
artística. Tem pessoas que se colocam em um pedestal e se acham a nata da
humanidade. Para mim é muito difícil lidar com esse nível de vaidade, de ego,
não gosto. E também não curto me assistir, não me vejo na TV (risos).
Ter que se ligar com maquiagem,
cabelo, se está gorda, magra, essas coisas me incomodam. Mas hoje não, comecei
a receber recados de Roraima, Amapá, Acre e você pensa: como nosso país é
imenso! Acredito que meu sentido de brasilidade ficou totalmente ampliado e
isso realmente me apaixona.
Imprevisto, saias justas…
Lembro
de uma entrevista com o advogado da Suzane Von Richthofen, o dr. Mauro
Nassif, na época do julgamento. Para fugir das perguntas mais delicadas,
que apontavam para a monstruosidade dela no assassinato dos pais, ele me
interrompeu no ar pedindo uma xícara de chá bem quente. Providenciamos e ele
ficou tomando calmamente pra quebrar o pique da conversa. Como não adiantou,
ele partiu pra tática de desnortear meu raciocínio e, de repente, se deitou no
chão! Foi um susto danado! Maior encenação, mas nem assim escapou de ter que
encarar a situação (risos)!
E situações engraçadas?
Nos
últimos tempos o Boninho falou que eu era uma apresentadora chata. Aí
respondi na Roda de Fofoca: “Ah, legal, porque de apresentadora chata
você entende, né? Você tem uma na sua casa!” Os meninos que estavam com a gente
saíram da mesa, dando risada. Eu tinha que fazer o merchandising e não
conseguia parar de rir. E sou trapalhona. Em outra vez, trombei na mesa onde
estavam com produtos (do anunciante). Caiu tudo no chão. E para parar de
rir?
Suas alegrias e decepções…
A
maior alegria da minha vida é meu filho,
Jorge Fernando, nada vem na frente. Se tivesse que abrir mão da carreira
para cuidar dele, teria largado. Mas, graças a Deus, tive e tenho minha mãe, Cecília
Abrão, para me ajudar. Também são alegrias cada assinatura de um novo
contrato, cada trabalho encerrado com resultados que valeram a pena, uma
matéria bem concluída, um furo de reportagem. Muita gente acha que isso é uma
coisa antiga, mas é a minha adrenalina. E decepções são muitas. É normal fazer
amigos no trabalho, mas quando você tem que se posicionar jornalisticamente,
tem e pronto, não pode passar a mão na cabeça daquele seu amigo. Você vai falar
do trabalho dele e isso pode trazer complicações. As pessoas não aceitam isso
bem e, de repente, tem amizades que acabam. A verdade tem seu preço, mas o compromisso
é com o público, com a verdade!
O que a marcou emocionalmente?
Momentos
muito difíceis foram as coberturas das mortes de pessoas que amava. Por exemplo, o Chacrinha (1988).
Foi um baque muito grande, ele tinha me ligado na véspera. Éramos muito
amigos… Foi bem difícil. Mas o trauma mais doloroso, sem dúvida, foi a
experiência recente com a morte do meu primo, o Chorão (do Charlie
Brown Jr.). Tive que fazer toda a cobertura no A Tarde É Sua e a
sensação era de estar cortando a própria carne.
(Leia a segunda e emocionante parte desta entrevista
na próxima edição de TITITI! Afinal, Sonia tem muito, muito mais pra contar.
Inclusive de vida pessoal. Não perca!!!)