‘A gente se obriga a rever várias coisas. Você tem que se aprimorar como ser humano!’
Após dois anos dedicados à maternidade, Tainá Müller voltou aos folhetins como a dermatologista Aura, de O Outro Lado do Paraíso. Embora a atriz tenha atuado antes em Edifício Paraíso, série do GNT, o ritmo de uma novela é muito mais intenso e exige mais dela. Se afastar do filho, Martin, de quase 2 anos, para gravar a trama das 9 não foi fácil. Mas foi necessário. “Por um lado, é muito bom porque eu adoro o meu trabalho. Mas, por outro, é claro que o coração sempre bate fora do peito”, admite a atriz, que, com o fim da novela, pretende curtir férias com o pequeno. “Quero que meu filho me admire por eu trabalhar no que amo e, quem sabe, ele se inspire para achar o caminho dele profissional também”, torce a gaúcha, de 35 anos.
A gaúcha ao lado do ator Michel Melamed, na série Edifício Paraíso, do GNT: seu primeiro trabalho depois da gravidez. Foto: GNT
NADA DE CULPA, POR FAVOR
A geminiana afirma que não se culpa por ficar algumas horas longe do herdeiro. E revela que compensa a ausência se dedicando totalmente a ele, quando estão juntos: “Tento trabalhar essa culpa, porque estou indo ganhar a vida. E não criamos filho pra gente e sim para o mundo. Esse é o pensamento. Espero que, um dia, ele tenha autonomia de dizer: ‘Tchau, mãe! Vou fazer as minhas coisas.’ Aí vou querer ter algo pra fazer também, por não ter me dedicado só a ele. O amor e a liberdade andam muito juntos.”
SONHO COM A MATERNIDADE
Tainá afirma que, desde pequena, sempre quis ser mãe, mas que se surpreendeu com a maternidade. “É muito melhor, é mais amor do que eu imaginava. É mais desafiador e cansativo do que eu imaginava. É tudo muito, é superlativo ser mãe! É a melhor coisa da vida, sem dúvida”, explica a atriz, que acredita ter mudado bastante depois do nascimento de Martin. “Mudei muito mais do que eu imaginava. E para melhor. A gente se obriga a rever várias coisas, personalidade, criação… Queremos passar o melhor para eles e, para isso, você tem que se aprimorar como ser humano”, conta a bela, que está em busca de sua melhor versão. “Mãe é um ser imperfeito, como qualquer ser humano, não dá para sacralizar e pensar que a mãe não erra, que é perfeita. Ser mãe, assim como qualquer questão humana, é uma busca. E estou buscando o melhor que eu posso. Pode ser que, daqui a alguns anos, eu reveja e pense que não é tão bom, mas o que importa é tentar melhorar. Estou dando o meu melhor de agora para ele”, avisa.
CRIAÇÃO DO BEM
Numa trama, na qual sua personagem sofreu violência doméstica, a gaúcha conta que se preocupa com o caráter do filho. Criar um homem machista não faz parte de seus planos. “Vejo no meu filho amorosidade, uma pureza, que tenho medo que ele perca isso por uma imposição do sistema”, desabafa. “O machismo não sufoca só as mulheres, ele reprime os homens também. Fala-se pouco disso, o quanto que eles têm que provar com violência a própria masculinidade o tempo inteiro. Isso é aprisionante, não quero que meu filho faça parte desse sistema. No que depender de mim, ele não será machista. Espero que a sociedade colabore e que o mundo se transforme e fique menos machista”, fala em seu nome e do pai do menino, o diretor de TV Henrique Sauer.
Em O Outro Lado do Paraíso, Aura foi agredida pelo namorado, Gael (Sergio Guizé), mas também revidou. Foto: Globo
BOA FORMA
Depois da gravidez, muitas mulheres se preocupam em voltar logo ao antigo peso. Mas a atriz deixou tudo acontecer naturalmente. “É muito cruel essa cobrança da mulher ter que ser grávida fitness. Aí, depois fica todo mundo na expectativa de saber como está a barriga dela depois que pariu. Isso é bem cruel e a gente tem que bater o pé para que não seja assim. Eu amamentei por um ano e três meses e fui voltando a forma de um jeito bem natural. É preciso liberar as mulheres desse tipo de cobrança, ainda mais nesse momento. A maternidade já é tão desafiadora e as mulheres têm que ficar se preocupando com isso”, defende a estrela, que, entre filho e trabalho, ainda encontra um tempo para ela. “Tento manter a saúde, malhar, essas coisas.. A gente acaba dando um jeito de se desdobrar em mil”, conclui.