Atriz confessa que sempre foi muito ativa e diz como é ser casada com o marido que vive no Panamá
Com 17 anos, Thaís de Campos estreou na TV em Ciranda de
Pedra, como a namorada de Mônica Torres (Letícia). Na época, era um assunto
tabu, mas sua mãe autorizou a filha menor de idade a fazer o papel. Trinta e
três anos depois, Thaís vive a submissa Célia, em Boogie Oogie, que aguenta o
machismo do marido cada vez mais conformadamente. Entre a personagem polêmica
do início até os tempos atuais, Thaís construiu uma sólida carreira, abriu o
leque de atividades dando aulas em Portugal e no Brasil, se aventurou na
direção e produção para cinema e tem orgulho de ser inquieta: “Gosto de
diversificar, minha vida inteira sempre fui muito ativa, fiz muita coisa ao
mesmo tempo. Tenho necessidade de conhecimento e aprendizado.” Aos 50 anos, a
atriz conta que foi convidada para o papel pelo autor da novela, Rui Vilhena.
Eles se conheceram em Portugal e são muito amigos. “Não afetou trabalharmos
juntos, temos que saber lidar com os dois lados. Quando estou com ele, não falo
sobre a Célia”, diz.
Como era sua vida em 1978?
Eu tinha 15 anos e estava chegando no Rio de Janeiro. A
referência que a Célia vive, da vergonha de se separar, não tive. Meus pais se
separaram em Brasília e foi opção da minha mãe vir para o Rio. Foi até para não
sofrer com essa coisa de mulher divorciada. Como eu queria muito vir para o
Rio, a separação dos meus pais foi legal pra mim (risos). Era época da patinação, de muitas coisas coloridas, roupas cafonas,
mas, eu achava lindo (risos).
Você já queria vir para o rio?
Sim! A vinda foi porque minha mãe me deu uma força, eu já
buscava trabalhar como atriz e lá era muito difícil. Estava com 15 anos e, com
17, fiz minha primeira novela, logo depois, teatro. A primeira inteira foi Elas
Por Elas (1982), mas antes, fiz uma participação em Ciranda de Pedra (1981),
era a namorada da Mônica Torres. No último capítulo, elas foram morar juntas.
Minha mãe deixou que eu fizesse o papel, ela é uma pessoa de cabeça aberta.
Sua mãe teve a coragem que falta para a Célia em Boogie
Oogie.
Eu fico louca com a Célia. Por que ela continua com esse
cara (risos)? E é só o que falam comigo na rua, por que não separa desse careca
chato (risos)?
É esquisito para você?
Um sofrimento. Mas
por ser professora, não ser só atriz, eu vejo o outro lado. O personagem tem
que ser maior que o ator. A Célia mostrou que queria trabalhar, ganhar o
dinheiro dela, que não admitia ficar em casa sem fazer nada, uma mulher
moderna, cuja a melhor amiga era amante de um homem casado e ela nunca julgou.
Achei que ela ia se separar, ter outra atitude. Mas, com o passar do tempo,
constatei que essa não era uma opção do autor.
Tem medo de envelhecer?
Não tenho problema. A questão da cirurgia é que as pessoas
perdem a noção. Tem que envelhecer bem, sem pelanca. Tento cuidar da minha
alimentação, andar e, agora, quero voltar a fazer mais exercício.
Já fez botox, plástica?
Plástica nunca. Fiz duas lipos depois das duas filhas,
barriga, culote, para voltar ao normal. No rosto, fiz duas vezes preenchimento
e um botox para a novela. Gostei porque ficou natural. Essa é a questão, o limite.
Seu marido, paulo Bandeira, é português. Mora em Portugal?
Agora mora no Panamá. Eu o conheci em Portugal, fizemos dez
anos de casados no ano passado.
É melhor ser casada à distância?
Em algumas coisas é
bom, em outras é muito ruim. Todo mundo fala que meu casamento vai durar
(risos). Temos um lema: estando juntos, não falamos de coisas chatas, isso só
pelo Skype. A cada 15 dias, ele vem. Temos uma filha, Carolina, com dez anos
(Thaís também é mãe de Clara, de 17).