Deputado federal entre os mais votados de São Paulo, Tiririca (PL) anunciou na última terça-feira (24) a sua desistência pela reeleição em 2022. A atitude foi tomada depois que o Partido Liberal entregou o número que era dele nas urnas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Em entrevista ao G1, Tiririca não escondeu sua frustração pela decisão tomada pela legenda comandada por Valdemar Costa Neto. Ele afirmou que não foi comunicado oficialmente sobre a ação:
“Foi uma covardia o que fizeram. Estou muito chateado e me sinto desrespeitado. Já decidi que não sairei candidato neste ano. Achei um gesto desrespeitoso. Por três anos seguidos o número foi meu e conquistei votações expressivas, elegendo vários membros do partido junto comigo”.
O comediante contou que soube por outras pessoas sobre a mudança. “Fiquei sabendo por terceiros que o número foi dado ao filho do Bolsonaro, e eles até agora não me procuraram para dar uma justificativa”, criticou.
Em entrevista, Tiririca detona PL após atitude em favor de Eduardo Bolsonaro
Em 2010, Tiririca foi eleito pela primeira vez e se tornou o deputado mais votado naquele ano, com 1,3 milhão de votos. Em 2018, os votos caíram para 445 mil, mas ainda assim ele manteve a cadeira e o número na urna: 2222.
“O meu número é uma marca superdivulgada e associada a mim. Apesar de alguns colegas dizerem que número não elege parlamentar, eu me pergunto por que não deram então outro número para o filho do presidente da República?”, indagou.
Chateado, o ex-Record apontou falta de ética por parte do Partido Liberal: “Depois de ter feito tanto pelo partido, me sinto traído porque esperaram o fim da janela partidária para que eu não pudesse migrar para outro partido. Lamento muito essa falta de ética”.
Irritado com a situação, o humorista não optou por uma ação na Justiça sobre a questão por questões profissionais: “Me disseram que eu poderia garantir na Justiça meu número, mas achei melhor não. Se o partido fez esse gesto, não vou criar briga em respeito às pessoas que votaram em mim”.
“A partir de 1 de janeiro de 2023 vou retomar a minha carreira de humorista integralmente. Se daqui quatro anos eu tiver cabeça para voltar, eu volto num outro partido. Por hora estou de cabeça tranquila e certo da minha decisão”, afirmou ele, que prometeu: “Não votei em Bolsonaro em 2018 e não votaria agora”.